Isabel Cordeiro fala de Kumba Ialá: "Podem juntar à lista de 'qualidades' do Kumba, que não se lava e consta que cheirava tão mal que o tiveram que o lavar quando esteve internado cá!!!!"
Sobre a questão da velocidade na estrada, acrescenta: "andei por Itália e não vi nem um quinto das asneiras que vejo por cá...".
Os bloguistas da batata (que a leitora se interroga se serão 'de esquerda, de direita ou de nada', e o PC responde já que é canhoto desde que se conhece) agradecem a participação.
Porque nem só de pão vive o Homo Sapiens...
segunda-feira, setembro 29, 2003
O artigo de hoje
de Eduardo Prado Coelho no Público defende que as coisas estavam melhores para o Governo no início do Verão do que agora. Depois de inventariar, pertinentemente, os disparates estivais de Durão y sus muchachos, o professor conclui:
"É por isso que a oposição surge à frente das sondagens. Seria muito difícil se tal não acontecesse depois de um verão tão calamitoso."
Vamos dar de barato que EPC tem razão, que o panorama é pior para o Governo, que podemos fiar-nos nas sondagens (de resto, super-oscilantes nos últimos meses). A última frase do artigo - a que citei - é e continua a ser decepcionante. Destila um conformismo não inédito nas oposições em geral, independentemente de quem está no poder, e que até tem um paralelo com a subida da direita ao poder após o suicídio colectivo a que Guterres obrigou os socialistas.
EPC está todo contente porque, na sequência de erros crassos do Governo, o PS aparece à frente (por uma unha negra) numa sondagem. Ora EPC foi um dos "novos militantes" apresentados com pompa e circunstância pelo PS quando começou (?) a renascer das cinzas e a mostrar (?) que aprendia com os erros do passado. Nem que seja só por isso, falta uma frase ao último parágrafo do artigo:
"Seria muito melhor se tal acontecesse por mérito do PS e se este fosse, de facto, uma alternativa credível de poder."
PC
"É por isso que a oposição surge à frente das sondagens. Seria muito difícil se tal não acontecesse depois de um verão tão calamitoso."
Vamos dar de barato que EPC tem razão, que o panorama é pior para o Governo, que podemos fiar-nos nas sondagens (de resto, super-oscilantes nos últimos meses). A última frase do artigo - a que citei - é e continua a ser decepcionante. Destila um conformismo não inédito nas oposições em geral, independentemente de quem está no poder, e que até tem um paralelo com a subida da direita ao poder após o suicídio colectivo a que Guterres obrigou os socialistas.
EPC está todo contente porque, na sequência de erros crassos do Governo, o PS aparece à frente (por uma unha negra) numa sondagem. Ora EPC foi um dos "novos militantes" apresentados com pompa e circunstância pelo PS quando começou (?) a renascer das cinzas e a mostrar (?) que aprendia com os erros do passado. Nem que seja só por isso, falta uma frase ao último parágrafo do artigo:
"Seria muito melhor se tal acontecesse por mérito do PS e se este fosse, de facto, uma alternativa credível de poder."
PC
domingo, setembro 28, 2003
An apple a day keeps the doctor away
E há vários tipos de maçãs, desde as reais às do espírito.
Find your degree of freedom for today.
Boa semana e boa mordidela.
MC
Find your degree of freedom for today.
Boa semana e boa mordidela.
MC
sábado, setembro 27, 2003
O cão mordeu o dono ou o dono mordeu o cão?
Ao ler os jornais dos últimos dias, fica-se com uma sensação boa. Tudo parece estar resolvido. Do lado do Governo, tranquilidade, mesmo quando cai um viaduto no IC19 (a culpa não terá sido do macaco, como no filme dos irmãos Marx... Marx? Ah!, Não é o Karl...), mas sim de uma borboleta..., mesmo quando um helicóptero destinado a combater o flagelo dos incêndios (que nós pagaremos e dos quais alguns terão benefício) andava a fazer turismo pela (lindíssima) região do Douro, a expensas do contribuinte e das árvores que, entretanto, "derretiam".
Outros exemplos se poderiam dar, como os mortos que (não) existiram com a onda de calor, como o (in)sucesso dos hospitais SA, como o Disco de Urso, digo, discurso do Senhor Ministro da Defesa, que nos pretende defender dos terríveis emigrantes de Leste, do Oeste, do Norte e do Sul, esquecendo-se dos 4 milhões de tugas que estão nos outros países a fazer o que ele diz que os outros fazem cá... e que não aprova. Que continue a dormir descansado e com sonhos felizes, a technicolor, com a Catherine Deneuve "na protagonista". Tudo vai bem, portanto, pelo lado do Governo.
E a Oposição? Mais "regae" do que "reage"... e o assunto do dia, da semana e do mês é: "taram, taram", quem diria: o desaparecimento do cão do Senhor Secretário Geral do PS. Gastão, de seu nome, resolveu dar uma curva, quem sabe entusiasmou-se com alguma cadela, foi atraído pelos dealers (não, não escrevi "leaders", que isto da dislexia computacional até faz coisas engraçadas...), até se poderá pensar ter sido raptado por algum pedófilo mal intencionado, no decurso de mais uma escuta, pá, telefónica, pá.
E, assim, o mistério e a saga do "Gastão, volta que estás perdoado", ocupou as páginas dos jornais e a atenção dos portugueses. Até terá havido alguns, mesmo entre os fiéis do Dr. Barroso, que não conseguiram evitar uma lágrima furtiva. Gastão, nome de "sobrinho sortudo do Tio Patinhas", voltou para casa. Para casa do Dr. Ferro, que mais parece o Pato Donald, de tanto azar... ou o Peninha, de tanta falta de jeito. Quando o assunto principal do PS é saber "onde pára o canídeo", confesso que fico a pensar se a Oposição não estará, com o devido respeito ao Gastão, "abaixo de cão". Já imagino o Dr. Ferro num sítio com espaço, a criar labradores, huskies e animais afins, a fazer discretamente um anúncio para uma conhecida marca de enlatados para animais...
Assim vamos nós: a borboleta preocupa o Governo, o cão preocupa a Oposição. Será que a política está reservada aos animais?
E já agora, uma pequena pergunta: alguém sentiu a diferença? Alguém sentiu a falta? Alguém sentiu que "não tínhamos Oposição"? Parafraseando um anúncio televisivo: "Se o meu PS está bem, eu também...".
Dr. Durão Barroso: que totoloto lhe saíu na rifa... (não, não escrevi "totó tolo")...
MC
Outros exemplos se poderiam dar, como os mortos que (não) existiram com a onda de calor, como o (in)sucesso dos hospitais SA, como o Disco de Urso, digo, discurso do Senhor Ministro da Defesa, que nos pretende defender dos terríveis emigrantes de Leste, do Oeste, do Norte e do Sul, esquecendo-se dos 4 milhões de tugas que estão nos outros países a fazer o que ele diz que os outros fazem cá... e que não aprova. Que continue a dormir descansado e com sonhos felizes, a technicolor, com a Catherine Deneuve "na protagonista". Tudo vai bem, portanto, pelo lado do Governo.
E a Oposição? Mais "regae" do que "reage"... e o assunto do dia, da semana e do mês é: "taram, taram", quem diria: o desaparecimento do cão do Senhor Secretário Geral do PS. Gastão, de seu nome, resolveu dar uma curva, quem sabe entusiasmou-se com alguma cadela, foi atraído pelos dealers (não, não escrevi "leaders", que isto da dislexia computacional até faz coisas engraçadas...), até se poderá pensar ter sido raptado por algum pedófilo mal intencionado, no decurso de mais uma escuta, pá, telefónica, pá.
E, assim, o mistério e a saga do "Gastão, volta que estás perdoado", ocupou as páginas dos jornais e a atenção dos portugueses. Até terá havido alguns, mesmo entre os fiéis do Dr. Barroso, que não conseguiram evitar uma lágrima furtiva. Gastão, nome de "sobrinho sortudo do Tio Patinhas", voltou para casa. Para casa do Dr. Ferro, que mais parece o Pato Donald, de tanto azar... ou o Peninha, de tanta falta de jeito. Quando o assunto principal do PS é saber "onde pára o canídeo", confesso que fico a pensar se a Oposição não estará, com o devido respeito ao Gastão, "abaixo de cão". Já imagino o Dr. Ferro num sítio com espaço, a criar labradores, huskies e animais afins, a fazer discretamente um anúncio para uma conhecida marca de enlatados para animais...
Assim vamos nós: a borboleta preocupa o Governo, o cão preocupa a Oposição. Será que a política está reservada aos animais?
E já agora, uma pequena pergunta: alguém sentiu a diferença? Alguém sentiu a falta? Alguém sentiu que "não tínhamos Oposição"? Parafraseando um anúncio televisivo: "Se o meu PS está bem, eu também...".
Dr. Durão Barroso: que totoloto lhe saíu na rifa... (não, não escrevi "totó tolo")...
MC
quinta-feira, setembro 25, 2003
Hoje é um dia triste
porque morreu Edward W. Said. Catedrático, musicólogo e ensaísta, nascido na Palestina, Said faleceu esta manhã em Nova Iorque, aos 67 anos, de leucemia. O Mundo perde um dos seus mais brilhantes intelectuais. Professor de Literatura Comparada na Universidade de Columbia, Edward Said destacou-se, entre outras coisas, na defesa de um estado Palestino, mas nunca hesitou em condenar o terrorismo suicida contra Israel. Era um dos maiores críticos palestinos de Yasser Arafat.
Com o maestro israelita Daniel Barenboim, Edward Said criou o West Eastern Divan, uma orquestra de músicos de todos os países do Médio Oriente. Espanha concedeu-lhes, ex-aequo, o prémio Príncipe de Astúrias da Concórdia em 2002. Aqui ficam três linques três sobre a obra de Said, com bibliografia, críticas, etc. Por fim, uma entrevista com este homem a quem presto homenagem.
PC
Com o maestro israelita Daniel Barenboim, Edward Said criou o West Eastern Divan, uma orquestra de músicos de todos os países do Médio Oriente. Espanha concedeu-lhes, ex-aequo, o prémio Príncipe de Astúrias da Concórdia em 2002. Aqui ficam três linques três sobre a obra de Said, com bibliografia, críticas, etc. Por fim, uma entrevista com este homem a quem presto homenagem.
PC
Este sim
é um post muito acertado... e os leitores que desculpem por levarem com o Portas outra vez!
PC
PC
Truca-truca
Patrícia Cordeiro recorda, a propósito de Portas e da Constituição, um dos muitos debates parlamentares sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez -
concretamente, o de 3 de Março de 1982. Diz a leitora que "já há 21 anos era urgentíssimo fazer-se um updating da Lei Fundamental! Mudam as moscas mas o resto fica!". Acrescenta depois um poema de Natália Correia, publicado no DN após o dito debate. Trata-se da célebre resposta da poetisa ao deputado do CDS João Morgado, que afirmou que "O acto sexual é para fazer filhos". Cá vai:
«Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca,
sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão - diz o ditado -
consumada esse excepção,
ficou capado o Morgado.»
concretamente, o de 3 de Março de 1982. Diz a leitora que "já há 21 anos era urgentíssimo fazer-se um updating da Lei Fundamental! Mudam as moscas mas o resto fica!". Acrescenta depois um poema de Natália Correia, publicado no DN após o dito debate. Trata-se da célebre resposta da poetisa ao deputado do CDS João Morgado, que afirmou que "O acto sexual é para fazer filhos". Cá vai:
«Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca,
sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão - diz o ditado -
consumada esse excepção,
ficou capado o Morgado.»
quarta-feira, setembro 24, 2003
Floquet de Neu, Copito de Nieve ou Floco de Neve,
o gorila albino do Zoo de Barcelona, vai morrer em breve. Devido a um cancro de pele, este animal único tem três meses de vida, dizem os veterinários.
Vi Floquet há três anos. Da visita ao zoo barcelonês recordo sobretudo a qualidade baixa e o preço alto. E o gorila, claro. Esteve quase sempre de costas, tem o ar de quem está chateado que nem um peru (e como não, há trinta e tal anos a fazer de macaco mais ou menos amestrado!), mas é impressionante, porque único, pelo menos em cativeiro. Mesmo em estado selvagem, não se sabe se há mais gorilas albinos. E o galo é que o raio do Copito teve uma prole numerosa, mas nenhum dos filhos, netos e bisnetos saiu ao pai, no que toca à cor da pele.
A notícia comoveu os catalães, que o adoram. Fala-se mesmo em fazer-lhe uma estátua ou atribuir o seu nome a uma rua. Parece exagerado? Parece. Aliás, é. Mas assim são os símbolos e os mitos. E os homens.
PC
PS: Já que estamos a falar de gorilas...
Vi Floquet há três anos. Da visita ao zoo barcelonês recordo sobretudo a qualidade baixa e o preço alto. E o gorila, claro. Esteve quase sempre de costas, tem o ar de quem está chateado que nem um peru (e como não, há trinta e tal anos a fazer de macaco mais ou menos amestrado!), mas é impressionante, porque único, pelo menos em cativeiro. Mesmo em estado selvagem, não se sabe se há mais gorilas albinos. E o galo é que o raio do Copito teve uma prole numerosa, mas nenhum dos filhos, netos e bisnetos saiu ao pai, no que toca à cor da pele.
A notícia comoveu os catalães, que o adoram. Fala-se mesmo em fazer-lhe uma estátua ou atribuir o seu nome a uma rua. Parece exagerado? Parece. Aliás, é. Mas assim são os símbolos e os mitos. E os homens.
PC
PS: Já que estamos a falar de gorilas...
terça-feira, setembro 23, 2003
Pelota Vasca
é um jogo típico do País Basco. A maior parte das pessoas ouviu falar dele pela primeira vez há cerca de onze anos, durante os Jogos Olímpicos de Barcelona. Muitos provavelmente já não se lembram, mas agora surge uma boa ocasião para recordar este nome. É que acaba de estrear em Espanha La Pelota Vasca, la piel contra la piedra, um documentário interessante do realizador espanhol Julio Medem sobre o drama de Euskadi, terra que sofre diariamente a tragédia do terrorismo da ETA, puro fascismo aplicado. Donostiarra apaixonado, Medem põe no ecrã uma série de vozes díspares, entre eles vítimas da ETA e seus familiares, escritores, músicos, catedráticos, jornalistas, políticos, polícias, sacerdotes, etc. Ninguém foi deliberadamente excluído, pelo que ver o filme implica, por exemplo, dar de caras com Arnaldo Otegi, o líder do braço político da ETA, o ilegalizado Batasuna (ou Euskal Herritarrok, ou Sozialista Abertzaleak, ou Autodeterminaziorako Bilgunea, alguns dos nomes que foi utilizando). De fora, por opção dos próprios, ficaram o Partido Popular e a plataforma antiterrorista Basta Ya!, organizações de distinto mérito e valor na minha opinião (ou seja, gosto da segunda e não do primeiro). Em todo o caso, é pena que não se ouçam no documentário.
Como se calcula, o filme deu polémica em Espanha. Antes de estrear, dois catedráticos bascos que participaram no filme pediram a Medem que retirasse as suas declarações, o que o realizador recusou. O motivo, diziam, é que consideram que o documentário coloca ao mesmo nível os terroristas e os restantes cidadãos. Eu, que vi o filme, percebo que essa interpretação possa existir em dados momentos. Por exemplo, há uma sequência quase em "ping-pong" de declarações de uma viúva de uma vítima da ETA e da mulher de um etarra preso (que faz saber que a maioria está numa prisão de Huelva a quase mil quilómetros do País Basco, onde vivem as suas famílias). Compreende-se que isto choque alguns, e que possam pensar que é um igualar entre carrascos e vítimas, mas a mim o que me saltou à vista foi que a mulher do preso pode ir visitá-lo (mesmo com todos os incómodos de atravessar a península em autocarro), enquanto que a viúva de um cidadão inocente morto às mãos dos facínoras da ETA só pode recordar o seu marido com saudade.
A maior virtude do filme é não ser doutrinário. Daí que só se possa qualificar como estúpida e irresponsável a atitude da ministra da Educação espanhola, Pilar del Castillo, que criticou o filme de alto abaixo sublinhando que não o viu. O tom não é inédito no Governo de Aznar, inclusive para tratar da questão basca com os nacionalistas moderados (que, por sua vez, também estão instalados num confortável limbo entre quem mata e quem morre).
La Pelota Vasca é uma longa sequência de depoimentos curtos entrecortados por cenas do desporto que lhe dá o nome, paisagens bascas de cortar a respiração e imagens de arquivo. Algumas, de atentados da ETA, também cortam a respiração, mas por outros motivos. A sua presença no filme é crua e forte e, na minha opinião, afasta qualquer suspeita de apologia dos terroristas. Caso contrário, ter-se-ia de incluir no lote dos acusados a Amnistia Internacional, cuja representante em Espanha lembra no filme que todos os presos têm direitos, ainda que uns, devido ao hediondo das suas acções, não merçam mais do que o básico que há que assegurar a cada ser humano e que, é verdade, os próprios terroristas não respeitam.
Feitas as contas, depreende-se destes fragmentos a inquietude e o mal-estar dos bascos, que vivem momentos de uma crispação política e social como poucos. Entre a cobardia assassina dos etarras, a polémica sobre a ilegalização do Batasuna, a discussão do plano soberanista do lehendakari (chefe do Governo regional) Juan José Ibarretxe e a atitude maniqueísta do Executivo espanhol, os cidadãos vêem com pessimismo o futuro, que a esmagadora maioria deseja de paz e tranquilidade. O fim do medo é um desejo mais forte do que qualquer nacionalismo ou centralismo e Medem mostra isso muito bem. Há um apelo ao diálogo, porventura escorado numa ingenuidade em que é difícil crer a 100% mas que tem a virtude, insisto, de permitir a reflexão. E o nosso Mundo, e Euskadi, estão precisados dela!...
PC
PS: Coisas para ler sobre isto (atenção que são cinco linques diferentes).
Como se calcula, o filme deu polémica em Espanha. Antes de estrear, dois catedráticos bascos que participaram no filme pediram a Medem que retirasse as suas declarações, o que o realizador recusou. O motivo, diziam, é que consideram que o documentário coloca ao mesmo nível os terroristas e os restantes cidadãos. Eu, que vi o filme, percebo que essa interpretação possa existir em dados momentos. Por exemplo, há uma sequência quase em "ping-pong" de declarações de uma viúva de uma vítima da ETA e da mulher de um etarra preso (que faz saber que a maioria está numa prisão de Huelva a quase mil quilómetros do País Basco, onde vivem as suas famílias). Compreende-se que isto choque alguns, e que possam pensar que é um igualar entre carrascos e vítimas, mas a mim o que me saltou à vista foi que a mulher do preso pode ir visitá-lo (mesmo com todos os incómodos de atravessar a península em autocarro), enquanto que a viúva de um cidadão inocente morto às mãos dos facínoras da ETA só pode recordar o seu marido com saudade.
A maior virtude do filme é não ser doutrinário. Daí que só se possa qualificar como estúpida e irresponsável a atitude da ministra da Educação espanhola, Pilar del Castillo, que criticou o filme de alto abaixo sublinhando que não o viu. O tom não é inédito no Governo de Aznar, inclusive para tratar da questão basca com os nacionalistas moderados (que, por sua vez, também estão instalados num confortável limbo entre quem mata e quem morre).
La Pelota Vasca é uma longa sequência de depoimentos curtos entrecortados por cenas do desporto que lhe dá o nome, paisagens bascas de cortar a respiração e imagens de arquivo. Algumas, de atentados da ETA, também cortam a respiração, mas por outros motivos. A sua presença no filme é crua e forte e, na minha opinião, afasta qualquer suspeita de apologia dos terroristas. Caso contrário, ter-se-ia de incluir no lote dos acusados a Amnistia Internacional, cuja representante em Espanha lembra no filme que todos os presos têm direitos, ainda que uns, devido ao hediondo das suas acções, não merçam mais do que o básico que há que assegurar a cada ser humano e que, é verdade, os próprios terroristas não respeitam.
Feitas as contas, depreende-se destes fragmentos a inquietude e o mal-estar dos bascos, que vivem momentos de uma crispação política e social como poucos. Entre a cobardia assassina dos etarras, a polémica sobre a ilegalização do Batasuna, a discussão do plano soberanista do lehendakari (chefe do Governo regional) Juan José Ibarretxe e a atitude maniqueísta do Executivo espanhol, os cidadãos vêem com pessimismo o futuro, que a esmagadora maioria deseja de paz e tranquilidade. O fim do medo é um desejo mais forte do que qualquer nacionalismo ou centralismo e Medem mostra isso muito bem. Há um apelo ao diálogo, porventura escorado numa ingenuidade em que é difícil crer a 100% mas que tem a virtude, insisto, de permitir a reflexão. E o nosso Mundo, e Euskadi, estão precisados dela!...
PC
PS: Coisas para ler sobre isto (atenção que são cinco linques diferentes).
domingo, setembro 21, 2003
Da minha janela
Da minha janela vejo a fonte, a água que corre, como um rio que não esgota, nem no estio mais quente, na seca mais pungente, na morte e na derrota.
Da minha janela vejo a fonte. Estrepitosa, com fragor, mas apenas a um tom - ou multicolor? depende do olhar -, água a jorros, num imenso murmúrio, vejo a fonte como vejo a vida, ininterrupta, inesgotável, incomparável, decidida.
Da minha janela vejo a fonte, que brota a todo o custo, qual criança. Forte, mas mansa. Rebelde e respeitosa.
A Fonte Luminosa.
MC
Da minha janela vejo a fonte. Estrepitosa, com fragor, mas apenas a um tom - ou multicolor? depende do olhar -, água a jorros, num imenso murmúrio, vejo a fonte como vejo a vida, ininterrupta, inesgotável, incomparável, decidida.
Da minha janela vejo a fonte, que brota a todo o custo, qual criança. Forte, mas mansa. Rebelde e respeitosa.
A Fonte Luminosa.
MC
sábado, setembro 20, 2003
Patriotice
Pode parecer estúpido, mas adorei encontrar Super Bock à venda em Jerez de la Frontera, ainda por cima barata. Foi no bar "Los dos deditos", a que os de cá chamam "Tú litél fíngérs". Não é que a cerveja espanhola seja má (grave, grave é a situação do café e do pão), mas não há como o sabor a malte da nossa velha e medalhada Super Bock. Desculpem os que preferem a concorrência, e juro que não sou accionista da Unicer, mas para mim Sagres há-de ser sempre o nome de um navio muito bonito, não da substância mais apetecida numa noite de Verão. Deixo para mais logo o recopilatório de sensações que pode dar uma descida à Andaluzia, com praia e tudo, para quem habitualmente está no centro da península... que saudades do mar!!!
PC
PC
Primeiro comentário recebido!!! Obrigado pela coragem e pela confiança!
Chegou-nos de Miguel Salema Garção e diz o seguinte:
"Isto é a esquerda a funcionar. Acabem com os Blogs. Um em madrid, na capital de franco a defender Louçã e Miguel Portas. Outro em Lisboa a brincar aos computadores em vez de dar atenção às criancinhas.
Portugal está em perigo..."
Mais uma vez obrigado, e que venham mais!
"Isto é a esquerda a funcionar. Acabem com os Blogs. Um em madrid, na capital de franco a defender Louçã e Miguel Portas. Outro em Lisboa a brincar aos computadores em vez de dar atenção às criancinhas.
Portugal está em perigo..."
Mais uma vez obrigado, e que venham mais!
sexta-feira, setembro 19, 2003
Números muito mal engendrados...
De repente, os epidemiologistas e estatistas são surpreendidos com dados referentes aos óbitos por maus-tratos em crianças, em Portugal. Como é possível, perguntamos, saber com tanta certeza e, ainda por cima, comparar países que têm metodologias e até sistemas de classificações diferentes uns dos outros? Milagre? Não. É que os "investigadores" limitaram-se a pôr no mesmo saco o que é diferente e o que desconhecem.
Diz o Público que "Os investigadores partiram do pressuposto que, no caso das mortes "indeterminadas", se não é estabelecida qualquer outra causa, então a morte é "provavelmente" consequência de maus tratos, "ainda que tal não tenha sido possível provar em tribunal". Ou seja, a síndroma da morte súbita do lactente, de que Portugal tem tão poucos casos, os maus-tratos, os acidentes, as situações de overdose, suicídio e homicídio nos adolescentes, as situações de doença aguda que não foi suficientemente esclarecida, etc, etc, é tudo maus tratos, "mesmo não se podendo provar em Tribunal"?
Passámos de um país onde "não havia maus tratos", para um país onde, de repente "tudo é mau trato". Trata-se de uma visão pouco rigorosa, nada científica e muito parola, devo dizer, da situação.
Sabemos que há maus tratos em Portugal, e sabemos que a taxa de mortalidade, para alguns casos de maus tratos, é elevada. Logo, deverão existir casos de mortes por maus tratos no nosso País. Até aí tudo bem. Quantos? Ninguém sabe. E o que o Público e demais têm que exigir é que, perante qualquer caso menos claro, dúbio ou indeterminado de morte sejam imediatamente abertos dois processos: um médico, que deverá ir às últimas consequências, aproveitando tudo o que serve para fazer diagnósticos nos vivos (TACs, ressonâncias magnéticas, etc), e um inquérito criminológico.
Enquanto em Inglaterra isso é comum, aqui acha-se que "os pais já estão em grande sofrimento para a polícia entrar lá em casa ou os médicos começarem a fazer perguntas". Nada de mais falso. Se houve crime, tem que ser identificado, Se não houve, o inquérito trará aos pais a necessária certeza e a paz interior que necessitam. A ideia de que "com um morto não se gasta dinheiro em exames porque já morreu" é, também ela, tonta e pode ajudar a encobrir criminosos.
Por outro lado, o que me assusta mais nas estatísticas apresentadas ontem, não é a rubrica "sintomas e afecções mal definidos", é a alínea E46 da Classificação 9 da OMS- "não se sabe se foi acidente ou homicídio". Que tantas crianças morram sem se saber esta "pequena" diferença é que, em pleno 2003, me causa alguns calafrios, como médico de saúde pública e como cidadão...
MC
Diz o Público que "Os investigadores partiram do pressuposto que, no caso das mortes "indeterminadas", se não é estabelecida qualquer outra causa, então a morte é "provavelmente" consequência de maus tratos, "ainda que tal não tenha sido possível provar em tribunal". Ou seja, a síndroma da morte súbita do lactente, de que Portugal tem tão poucos casos, os maus-tratos, os acidentes, as situações de overdose, suicídio e homicídio nos adolescentes, as situações de doença aguda que não foi suficientemente esclarecida, etc, etc, é tudo maus tratos, "mesmo não se podendo provar em Tribunal"?
Passámos de um país onde "não havia maus tratos", para um país onde, de repente "tudo é mau trato". Trata-se de uma visão pouco rigorosa, nada científica e muito parola, devo dizer, da situação.
Sabemos que há maus tratos em Portugal, e sabemos que a taxa de mortalidade, para alguns casos de maus tratos, é elevada. Logo, deverão existir casos de mortes por maus tratos no nosso País. Até aí tudo bem. Quantos? Ninguém sabe. E o que o Público e demais têm que exigir é que, perante qualquer caso menos claro, dúbio ou indeterminado de morte sejam imediatamente abertos dois processos: um médico, que deverá ir às últimas consequências, aproveitando tudo o que serve para fazer diagnósticos nos vivos (TACs, ressonâncias magnéticas, etc), e um inquérito criminológico.
Enquanto em Inglaterra isso é comum, aqui acha-se que "os pais já estão em grande sofrimento para a polícia entrar lá em casa ou os médicos começarem a fazer perguntas". Nada de mais falso. Se houve crime, tem que ser identificado, Se não houve, o inquérito trará aos pais a necessária certeza e a paz interior que necessitam. A ideia de que "com um morto não se gasta dinheiro em exames porque já morreu" é, também ela, tonta e pode ajudar a encobrir criminosos.
Por outro lado, o que me assusta mais nas estatísticas apresentadas ontem, não é a rubrica "sintomas e afecções mal definidos", é a alínea E46 da Classificação 9 da OMS- "não se sabe se foi acidente ou homicídio". Que tantas crianças morram sem se saber esta "pequena" diferença é que, em pleno 2003, me causa alguns calafrios, como médico de saúde pública e como cidadão...
MC
quinta-feira, setembro 18, 2003
A morte das ideologias...
1º ponto: Alguém decretou a morte das ideologias ou, pior, que as ideologias estavam mortas. Não há como um blog para desfazer o equívoco e desmistificar a questão. Os nossos filhos têm que saber que não se vive sem ideologias, que não se sobrevive sem força motriz. Temos que lhes dizer que a morte das ideologias seria a morte da humanidade, da criatividade, dos valores estéticos e éticos. Para que possamos ainda acreditar, no futuro, que uma simples pedra pode vir a transformar-se numa catedral gótica, uma folha de papel num livro de António Gedeão... ou um dia bonito num momento simples de prazer e de tranquilidade.
2º ponto: se é verdade que as ideologias não morreram, também não é mentira que muitos deturparam as ideologias, vivendo à sua sombra e nas antípodas dos seus valores. E aproveitaram-se do rótulo para fazer todo o tipo de "patifarias", algumas delas nauseantes e nauseabundas. Este viver ad latere do que apregoam, especialmente quando pertencem ou representam "lideranças de opinião", faz o cidadão comum desconfiar... não das pessoas, mas do idealismo ou dos ideais. E das ideologias, por arrasto.
Seria bom sermos um pouco mais reflexivos neste assunto, talvez menos tolerantes com certas coisas, e menos complacentes com outras tantas. ´~E uma reflecão de um fim de tarde de calor, à espera do fresco da noite e da discussão do dia seguinte.
MC
2º ponto: se é verdade que as ideologias não morreram, também não é mentira que muitos deturparam as ideologias, vivendo à sua sombra e nas antípodas dos seus valores. E aproveitaram-se do rótulo para fazer todo o tipo de "patifarias", algumas delas nauseantes e nauseabundas. Este viver ad latere do que apregoam, especialmente quando pertencem ou representam "lideranças de opinião", faz o cidadão comum desconfiar... não das pessoas, mas do idealismo ou dos ideais. E das ideologias, por arrasto.
Seria bom sermos um pouco mais reflexivos neste assunto, talvez menos tolerantes com certas coisas, e menos complacentes com outras tantas. ´~E uma reflecão de um fim de tarde de calor, à espera do fresco da noite e da discussão do dia seguinte.
MC
quarta-feira, setembro 17, 2003
terça-feira, setembro 16, 2003
Partidos na net
Ontem, ao comentar um post do blogue de Daniel Oliveira, referi-me ao Bloco de Esquerda. Aproveito para chamar a atenção para a excelente qualidade da página deste partido na net, recentemente renovada. O PSD e o PS também têm páginas na net, menos atraentes e sem o ritmo de actualização do Bloco e do PCP, que foi, aliás, o primeiro a instalar-se no cyberespaço. A título de curiosidade, acrescento que também o Partido da Terra, o MRPP, os Verdes, o PSR (também aqui) e até o POUS da Carmelinda estão na net. Também encontrei a FER, que pensei que já não existia mas afinal faz parte do BE; um movimento que defende a unificação de Portugal e da Galiza; e um tal de Partido Liberal que só tem existência virtual. Deixo para o fim a extrema-direita: têm umas belas páginas o PNR e o partido do Monteiro. Caso mais estranho - e a meu ver vergonhoso - é o de um outro partido, que às vezes é de direita e outras de extrema-direita, que até faz parte do Governo, e cuja página está assim há meses e meses. Será que têm apenas parte dos neurónios a funcionar?!
PC
PC
segunda-feira, setembro 15, 2003
O último argumento dos camelos: A velocidade nas auto-estradas alemãs...
Apesar da hecatombe e da "guerra civil" que vai nas estradas portuguesas, os argumentos continuam a ser quase "minimalistas", centrando-se muitas vezes na questão da velocidade nas auto-estradas, como se não morressem peões, dentro ou fora da passadeira, motociclistas trucidados nas curvas de saída das estradas, condutores de bicicletas sem capacete, passageiros mal transportados, etc, etc. A questão da "velocidade" é crucial para os portugueses, para quem o seu "sofá com rodas" é, não um vulgar meio de transporte, mas uma terapêutica para a "disfunção eréctil psicológica".
Mas voltando ao problema da velocidade, é sempre atirado à cara o "exemplo alemão" - que se pode andar como se quer, que é "só velocidade", etc".
Em primeiro lugar, os que tanto defendem essa "ideia alemã" nunca falam em todo o restante controlo e inflexibilidade que existe relativamente ao cumprimento do Código da Estrada - na Alemanha, parar o carro em segunda mão, ligar os 4 piscas e ir comprar o jornal ou buscar a criança à escola não representa uma infracção mas duas: paragem ilícita e uso ilícito de uma sinalização de urgência... na Alemanha, andar com passageiros mal transportados equivale a uma multa pesada. Na Alemanha respeitam-se os sinais, respeitam-se as motorizadas, respeitam-se os outros. E, ainda assim, nem sequer é o paradigma da segurança - os nórdicos, a Holanda, o Reino Unido e tantos outros estão melhores, e nesses países existe limitação de velocidade nas auto-estradas (120 na Finlândia e Holanda, 110 na Suécia, 112 no Reino Unido (porque medido em milhas), 100 na Dinamarca, 90 na Noruega. Além disso, a velocidade nas auto-estradas alemãs não é assim tão "à balda" como se pode pensar: existe um limite recomendado de 130, e quem o ultrapassar fá-lo por sua conta e risco - se uma pessoa tiver um acidente, a velocidade superior a 130, poderá não ter direito a nenhuma indemnização do outro automóvel, mesmo se a culpa for do outro! É pena que nunca se fale destes aspectos e só se mencione "a velocidade ilimitada nas auto-estradas". Mas ainda há mais: por pressão dos ecologistas e por causa dos problemas ambientais, tomados como importantes em países "civilizados" e que respeitam as pessoas, como a Alemanha, há uma sensibilidade social e política crescente no sentido de reduzir a velocidade nas auto-estradas, dado que um automóvel a 180 polui muitíssimo mais do que um a 120. é pena que não se fale disso, neste país de brandos costumes e de "estássecagandismo militante".
O Presidente da Associação de Escolas de Condução (de uma das associações, convém dizer, porque há mais, e mais representativas), defende que andar a alta velocidade reduz o risco de sonolência. Mas esquece-se de mencionar que viajar não é só conduzir - é programar a viagem e, por exemplo, parar nas áreas de serviço ou de duas em duas horas, para descansar - é recomendado por toda a gente, mas para alguns automobilistas só existe "a velocidade"... e os sedativos, os hipnóticos, os anti-histamínicos? E as drogas, leves e pesadas? E as drogas legais, como o "velho" álcool??
Reduzir tudo à "velocidade nas auto-estradas" é um insulto às seis pessoas que morreram hoje nas ruas e estradas - fossem eles vítimas ou criminosos.
MC
Mas voltando ao problema da velocidade, é sempre atirado à cara o "exemplo alemão" - que se pode andar como se quer, que é "só velocidade", etc".
Em primeiro lugar, os que tanto defendem essa "ideia alemã" nunca falam em todo o restante controlo e inflexibilidade que existe relativamente ao cumprimento do Código da Estrada - na Alemanha, parar o carro em segunda mão, ligar os 4 piscas e ir comprar o jornal ou buscar a criança à escola não representa uma infracção mas duas: paragem ilícita e uso ilícito de uma sinalização de urgência... na Alemanha, andar com passageiros mal transportados equivale a uma multa pesada. Na Alemanha respeitam-se os sinais, respeitam-se as motorizadas, respeitam-se os outros. E, ainda assim, nem sequer é o paradigma da segurança - os nórdicos, a Holanda, o Reino Unido e tantos outros estão melhores, e nesses países existe limitação de velocidade nas auto-estradas (120 na Finlândia e Holanda, 110 na Suécia, 112 no Reino Unido (porque medido em milhas), 100 na Dinamarca, 90 na Noruega. Além disso, a velocidade nas auto-estradas alemãs não é assim tão "à balda" como se pode pensar: existe um limite recomendado de 130, e quem o ultrapassar fá-lo por sua conta e risco - se uma pessoa tiver um acidente, a velocidade superior a 130, poderá não ter direito a nenhuma indemnização do outro automóvel, mesmo se a culpa for do outro! É pena que nunca se fale destes aspectos e só se mencione "a velocidade ilimitada nas auto-estradas". Mas ainda há mais: por pressão dos ecologistas e por causa dos problemas ambientais, tomados como importantes em países "civilizados" e que respeitam as pessoas, como a Alemanha, há uma sensibilidade social e política crescente no sentido de reduzir a velocidade nas auto-estradas, dado que um automóvel a 180 polui muitíssimo mais do que um a 120. é pena que não se fale disso, neste país de brandos costumes e de "estássecagandismo militante".
O Presidente da Associação de Escolas de Condução (de uma das associações, convém dizer, porque há mais, e mais representativas), defende que andar a alta velocidade reduz o risco de sonolência. Mas esquece-se de mencionar que viajar não é só conduzir - é programar a viagem e, por exemplo, parar nas áreas de serviço ou de duas em duas horas, para descansar - é recomendado por toda a gente, mas para alguns automobilistas só existe "a velocidade"... e os sedativos, os hipnóticos, os anti-histamínicos? E as drogas, leves e pesadas? E as drogas legais, como o "velho" álcool??
Reduzir tudo à "velocidade nas auto-estradas" é um insulto às seis pessoas que morreram hoje nas ruas e estradas - fossem eles vítimas ou criminosos.
MC
O que é que tem o Guterres que é diferente dos outros (para pior)?
Daniel Oliveira reflecte no seu Barnabé sobre António Guterres e que futuro pode ter na cena política à esquerda. Gabo-lhe o estômago e concordo com o que diz, até porque sou dos que acham que dificilmente pode ter futuro à esquerda um homem que não tem nela passado nem presente (já sei que é presidente da Internacional Socialista, mas tenho esse facto em conta de aberração). Chapelada para o Daniel e para o seu belíssimo blogue, diferente dos outros porque único, como se desejam todos, diferente de muita esquerda 'calhorda', como diria JPH, e sem alguns dislates que por vezes se ouvem a membros do seu partido. Viva o Barnabé, que é para a gente arribar!
PC
PC
Em casa???
Leio no Público on-line que Kumba Ialá "já está em casa". Mas não começam hoje as aulas? Querem ver que esse menino malcriado, arrogante, que rouba os brinquedos aos outros e não partilha os deles, que agride e sova os bebés de quem não gosta, que fala mal e escreve pior, que é mimado e prepotente, não vai à escola? Assim não haverá hipótese de o rapazinho se "inducar"...
MC
MC
O CDS e a Constituição
O CDS acha urgente rever a Constituição, porque ao fim de cinco revisões a Lei Fundamental ainda permite interpretações que autorizam os comunistas a comer criancinhas ao pequeno-almoço (sem piada de mau-gosto). Mas o CDS não vai apresentar um projecto de revisão próprio. Delega no mano crescido, o PSD. É que apesar de urgente, o assunto da revisão constitucional não vai escapar aos habituais movimentos ululantes de Portas ao sabor das conveniências: como só dá para rever a Constituição se houver acordo entre PSD e PS, e o PS (que para Portas paira em limbos ou infernos não distantes do PCP) não aprovaria as propostas do CDS, este prefere não apresentar nada a votar vencido e ficar fora do arco. Tal é o medo de tudo quanto possa pôr em risco alianças pré-eleitorais nas próximas eleições e obrigar o CDS a ir a votos sozinho e provar quanto vale... quais convicções!, mais urgente que a Constituição é ir garantindo a permanência num Governo onde o seu contributo específico se vê mais num discurso de quasi-ódio (direitos sociais), protagonismo e birras pessoais (Defesa, missa do Maggiolo, Cruz Vermelha), ou então mal se vê (Justiça). Ai se o PSD chega ao fim da legislatura convencido de que pode ter maioria sozinho... ai, ai! Para já não falar do intragável discurso sobre imigração e emprego, de que JPP fala aqui. Tudo isto somado, ponho-me a pensar na história do assento do táxi e já não sei bem... se o traseiro tivesse uma propietária bonita...
PC
PC
A última bola
O entusiasmo cedeu lugar à inquietação, e desta para a irritação, passando pelo desespero, foi um ápice. Ficamos, passadas doze horas, amarrados a um outro sentimento: frustração... e também conformação, quem sabe?
A ganhar 3-1 aos 89 minutos, só uma grande equipa conseguiria empatar o jogo. Grande foi, portanto, o Belenenses, que porfiou até matar a caça. Quanto ao Glorioso, seu Camacho e respectivo plantel, não há palavras. E as que hipoteticamente existam não são próprias, nem para blogs brejeiros. 4 minutos do tempo de desconto que, teoricamente, teria 4 minutos. Um canto contra o Benfica, teoricamente, o último do jogo, cedido depois de uma jogada "apertada". Não seria "blógico" que fosse os onze encarnados para a pequena área? Não... Ficaram a "ver a bola", a respirar o ar morno do início da noite, e a ver Marte, que tem estado excepcionalmente brilhante. E a comer pastéis de Belém - três -, o último dos quais, de sabor bem amargo.
Sic transit gloriae mundi - e a pergunta é só uma: como é que foi possível não ir tudo defender aquela que sabiam ser "a última bola"?
MC
A ganhar 3-1 aos 89 minutos, só uma grande equipa conseguiria empatar o jogo. Grande foi, portanto, o Belenenses, que porfiou até matar a caça. Quanto ao Glorioso, seu Camacho e respectivo plantel, não há palavras. E as que hipoteticamente existam não são próprias, nem para blogs brejeiros. 4 minutos do tempo de desconto que, teoricamente, teria 4 minutos. Um canto contra o Benfica, teoricamente, o último do jogo, cedido depois de uma jogada "apertada". Não seria "blógico" que fosse os onze encarnados para a pequena área? Não... Ficaram a "ver a bola", a respirar o ar morno do início da noite, e a ver Marte, que tem estado excepcionalmente brilhante. E a comer pastéis de Belém - três -, o último dos quais, de sabor bem amargo.
Sic transit gloriae mundi - e a pergunta é só uma: como é que foi possível não ir tudo defender aquela que sabiam ser "a última bola"?
MC
Kumba Yalá, my lord, Kumba Yalá
Depuseram o Kumba, presidente da República da Guiné-Bissau desde 2000. Quando foi eleito, as expectativas nem eram más. Passados três anos, cinco primeiros-ministros e mais de 50 membros do Governo (sim, porque Kumba demitia gente como quem muda de cuecas), já ninguém tinha ilusões, como bem assinala Nuno Pacheco no editorial de hoje do Público. Tanto que as condenações internacionais se resumiram à formalidade de dizer que o poder não se conquista pelas armas, e que não se derrubam governos democraticamente eleitos (como era o de Kumba) com golpes de Estado, mas sempre com o reconhecimento implícito de que poucas alternativas restavam. Fica como dado positivo o não ter havido derramamento de sangue, a reiterada intenção de não promover caças às bruxas, a promessa (a vigiar) de que haverá um Governo de unidade nacional inteiramente constituído por civis e de que se realizarão eleições. Só este ano, Kumba adiou-as por quatro vezes. Esperemos que a Guiné-Bissau, país adiado há 28 anos e um dos mais pobres do mundo, encontre finalmente um caminho. Pelo modo como vai o Mundo, não apetece muito ter grandes esperanças.
domingo, setembro 14, 2003
Rigor de (alguns) jornalistas
É o Expresso de ontem, que nos diz, em letras "gordas e encarnadas", que, cito, "Grande Lisboa concentra quase metade da população em 2015". Ficamos aterrados - como é que vamos meter este "rossio" nesta "betesga"? Metade dos portugueses a viverem aqui, a estacionarem aqui, a fazerem compras aqui... por outro lado, que inversão súbita, numa cidade que se dizia "em estado de desertificação"...
Apanhado o primeiro "susto", lê-se a notícia que, afinal, reza o seguinte:
"segundo as estimativas do estudo "Perspectivas da Urbanização do Mundo", da ONU, a Região de Lisboa e Vale do Tejo terá cerca de 45% da população portuguesa. Ah!
O "Lisboa", do título, absorveu a totalidade dos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal. Ah!. "Lisboa", afinal, segundo o Expresso, quer dizer Lourinhã ou Grândola, Coruche ou Santarém, Abrantes ou Cadaval, Chamusca ou Barreiro, Almada e Setúbal, Loures e Vila Franca de Xira, Cascais e Sintra. Torres Vedras e Torres Novas. Etc, etc, etc.
Sugiro ao Expresso um novo título: "No ano 2015, Portugal concentrará 100% da população residente em Portugal" - pode não ser muito informativo, mas pelo menos é mais rigoroso...
MC
Apanhado o primeiro "susto", lê-se a notícia que, afinal, reza o seguinte:
"segundo as estimativas do estudo "Perspectivas da Urbanização do Mundo", da ONU, a Região de Lisboa e Vale do Tejo terá cerca de 45% da população portuguesa. Ah!
O "Lisboa", do título, absorveu a totalidade dos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal. Ah!. "Lisboa", afinal, segundo o Expresso, quer dizer Lourinhã ou Grândola, Coruche ou Santarém, Abrantes ou Cadaval, Chamusca ou Barreiro, Almada e Setúbal, Loures e Vila Franca de Xira, Cascais e Sintra. Torres Vedras e Torres Novas. Etc, etc, etc.
Sugiro ao Expresso um novo título: "No ano 2015, Portugal concentrará 100% da população residente em Portugal" - pode não ser muito informativo, mas pelo menos é mais rigoroso...
MC
A pior das sensações
Será difícil haver pior, como sensação,
mesmo pensando em coisas como apertar a mão
a duzentos e trinta deputados,
quarenta ministros e outros tantos chefes de gabinete,
alguns tão caducos que escorrem verdete,
mais uma ronda de secretários e sub-secretários de Estado
e, ainda, todos os membos do Conselho Superior da Magistratura,
o Procurador-Geral
mais o Presidente do Tribunal Constitucional,
alguns democratas de agora que se reciclaram da ditadura
os causídicos do Palácio Raton,
o Senhor Cardeal (porque é de bom tom),
e pelo menos cem directores-gerais
e outros que tais...
e ainda os chefes dos Estados Maiores dos três ramos das Forças Armadas, porque não. Ah. Faltava o Presidente da República, Supremo Magistrado da Nação.
Mas, escrevia eu, há ainda pior do que cumprimentar toda esta gente
é, ter a sorte de ver vagar um táxi mesmo à nossa frente,
fazer-lhe sinal, deixar sair a pessoa do interior,
entrar
sentar
e... reparar
que o estofo está quente
do "sim-senhor"
do cliente
anterior.
Não, não, não!
Antes os dois mil e trinta e cinco apertos de mão!
MC
mesmo pensando em coisas como apertar a mão
a duzentos e trinta deputados,
quarenta ministros e outros tantos chefes de gabinete,
alguns tão caducos que escorrem verdete,
mais uma ronda de secretários e sub-secretários de Estado
e, ainda, todos os membos do Conselho Superior da Magistratura,
o Procurador-Geral
mais o Presidente do Tribunal Constitucional,
alguns democratas de agora que se reciclaram da ditadura
os causídicos do Palácio Raton,
o Senhor Cardeal (porque é de bom tom),
e pelo menos cem directores-gerais
e outros que tais...
e ainda os chefes dos Estados Maiores dos três ramos das Forças Armadas, porque não. Ah. Faltava o Presidente da República, Supremo Magistrado da Nação.
Mas, escrevia eu, há ainda pior do que cumprimentar toda esta gente
é, ter a sorte de ver vagar um táxi mesmo à nossa frente,
fazer-lhe sinal, deixar sair a pessoa do interior,
entrar
sentar
e... reparar
que o estofo está quente
do "sim-senhor"
do cliente
anterior.
Não, não, não!
Antes os dois mil e trinta e cinco apertos de mão!
MC
Tão utópicos como a liberdade
Tão utópicos como a liberdade, tão libertadores como a utopia, tão sensíveis como a meiguice e tão doces como o afecto. Criativos como Bach. Vigeland. Ou Klee. Esculturais como Rodin. Suaves. Ternos. Carinhosos. Tranquilos. Como um fim de tarde bucólico, num dia de Setembro.
1, 2, 3, 4, 5. Cinco filhos - em cada um, o verdadeiro significado da transcendência. Em cada um, a minha eternidade.
MC
1, 2, 3, 4, 5. Cinco filhos - em cada um, o verdadeiro significado da transcendência. Em cada um, a minha eternidade.
MC
Ora não é que ele até tem razão?!?
Diz o Público on-line: Paulo Portas considera que a Constituição tem que evoluir. Estou de acordo - de facto, isto de ser permitido constitucionalmente que indivíduos como o PP façam parte de governos merece, urgentemente, um updating da Lei Fundamental.
MC
MC
sexta-feira, setembro 12, 2003
E a batata grelou...
Os nossos cabelos são o cérebro que grelou. Assim as nossas opiniões e comentários possam tornar-se acessíveis aos bloguistas universais.
E ao verbo se acrescentou o sujeito e o predicado... e outras coisas mais.
Welcome, bienvenues, willkomen!
E ao verbo se acrescentou o sujeito e o predicado... e outras coisas mais.
Welcome, bienvenues, willkomen!
No princípio era o Verbo...
...mas como nem só de pão vive o homem, este rapidamente se pôs a semear batata, que aqui para nós é das melhores coisas que há. Isto ainda é tudo experimental, iniciático, inexperiente, etc, etc. Só mesmo para dizer que existimos.
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