Impulsionados por um grupo de amigos, resolvemos avançar com o Blogica.
Dentro de escasso tempo teremos uma reformatação do Blog e a intervenção de diversas pessoas, sobre temas variados e que cremos interessantes. Num espaço livre, democrático e opinativo, mas com defesa da verdade, do rigor e da boa educação.
Abraços e até breve
Mário Cordeiro
Blógica da Batata
Porque nem só de pão vive o Homo Sapiens...
domingo, setembro 23, 2007
segunda-feira, janeiro 02, 2006
Afinal estamos vivos
Quando pensávamos que estávamos mortos démos connosco vivinhos da costa.
De repente, uma enorme vontade de, mais de ano e meio depois, voltar a ver se o velho Blogica ainda estava algures no éter.
E não é que sim?!
Estive a reler as entradas, e algumas eram fraquitas. Mas havia outras muito boas, modéstia à parte), e algumas tão pertinentes como se tivessem sido "postadas" hoje.
Fica um abraço áqueles que, por algum motivo, cairem aqui.
Saudações. E apesar de continuarmos lampiões dos quatro costados, não faríamos posts tão "truculentos" (Turbulento é o cão do Noddy!) como o último da I Série.
A vida continua e estamos vivos.
Abraços e um excelente 2006!
MC
De repente, uma enorme vontade de, mais de ano e meio depois, voltar a ver se o velho Blogica ainda estava algures no éter.
E não é que sim?!
Estive a reler as entradas, e algumas eram fraquitas. Mas havia outras muito boas, modéstia à parte), e algumas tão pertinentes como se tivessem sido "postadas" hoje.
Fica um abraço áqueles que, por algum motivo, cairem aqui.
Saudações. E apesar de continuarmos lampiões dos quatro costados, não faríamos posts tão "truculentos" (Turbulento é o cão do Noddy!) como o último da I Série.
A vida continua e estamos vivos.
Abraços e um excelente 2006!
MC
quinta-feira, janeiro 01, 2004
Bom Ano Novo
Um excelente Ano de 2004 para todos.
O nosso Blog tem andado um bocado "desactivado", por motivos meramente circunstanciais da vida dos "managers", mas esperamos dar um impulso grande neste início de ano... e não é apenas uma "doce intenção" de ano novo! Mas para tal, claro, precisamos da vossa colaboração.
Abraços
MC e PC
O nosso Blog tem andado um bocado "desactivado", por motivos meramente circunstanciais da vida dos "managers", mas esperamos dar um impulso grande neste início de ano... e não é apenas uma "doce intenção" de ano novo! Mas para tal, claro, precisamos da vossa colaboração.
Abraços
MC e PC
sábado, dezembro 13, 2003
Sigamos...
João Serrano pergunta se alguém se lembra de quem foi o político que fez as seguintes afirmações:
"Comigo não haverá uma terceira ponte sobre o Tejo enquanto houver listas de espera."
"Comigo não haverá aeroporto de OTA enquanto existirem criancinhas à espera de serem operadas."
"Comigo não haverá TGV enquanto os velhinhos receberem pensões miseráveis."
"O Euro 2004 é uma grande desgraça herdada do Governo Socialista."
"Eu vou baixar os impostos."
Desconfio que é o dito político é o mesmo que Santana Castilho desanca - e bem - no Público de hoje.
PC
"Comigo não haverá uma terceira ponte sobre o Tejo enquanto houver listas de espera."
"Comigo não haverá aeroporto de OTA enquanto existirem criancinhas à espera de serem operadas."
"Comigo não haverá TGV enquanto os velhinhos receberem pensões miseráveis."
"O Euro 2004 é uma grande desgraça herdada do Governo Socialista."
"Eu vou baixar os impostos."
Desconfio que é o dito político é o mesmo que Santana Castilho desanca - e bem - no Público de hoje.
PC
quinta-feira, dezembro 04, 2003
Frio no Ebro
Um a cinco graus em SaragoÇa, sem acentos no computador e com trabalho pela frente. O Plano Hidrologico espanhol, que nos anos 80 tantas guerrinhas nos valeu contra o pais vizinho (resolvidas apenas quando Portugal aceitou deixar de chatear Espanha a troco de pressoes desta na UE a favor do financiamento de Alqueva), motiva agora dissensoes dentro do mesmo. Algo contarei no regresso a Madrid. Com meio grauzito a mais ja me contentava...
PC
PC
segunda-feira, dezembro 01, 2003
Reflexões de fim de tarde, num passeio à beira mar
Descalço, calçado, nú ou vestido. Sou eu e as minhas pegadas. Os restos de mim, a impressão digital que atesta a minha presença, mesmo “onde a mão do homem nunca pôs o pé”, como escreveu Hergé. “Hello, Houston. O Águia alunou. Um pequeno passo para o Homem, mas um passo gigantesco para a Humanidade” . Julho de 1968. Dezembro de 2003. Afinal, qualquer areia de fim de tarde pode ser a Lua e, por conseguinte, a nossa conquista pessoal...
MC
MC
Península
Hoje não tenho feriado; é o que dá trabalhar em Madrid. Ainda assim, vou comemorar. Como bom iberista, comemorarei o sorteio que colocou a Espanha no nosso grupo do Euro. Faço mesmo votos para que joguemos duas-vezes-duas com nuestros hermanos, que é como quem diz que, depois da fase de grupos, gostava que nos encontrássemos na final.
PC
PC
segunda-feira, novembro 24, 2003
Rest in peace, macacão.
Davam-lhe três meses de vida, e disso demos nota, mas foram só dois. Floquet de Neu, o gorila albino do zoo de Barcelona, morreu às 6h40 de hoje, vítima de cancro da pele. Tinha 40 anos, media 1,63 m e pesava 180 quilos. Agora vão mesmo fazer-lhe uma estátua e dar o seu nome a uma rua. E criar um arquivo Floquet, um prémio Floquet de investigação, etc. O mono era mesmo um símbolo da cidade, de onde, por coincidência, regressei hoje (mas juro que não tenho nada a ver com o assunto). Infelizmente, a sua prole de 21 filhos e quatro netos não inclui nenhum albino. Nem cruzando-o com as filhas conseguiram que a maravilha genética se repetisse. RIP, Floquet...
PC
PC
terça-feira, novembro 18, 2003
Atira-te à piscina e diz que te empurraram
Depois de cinco dias de silêncio, um mergulho. No filme mais recente de François Ozon, com divinas Charlotte Rampling e Ludivine Sagnier. Beleza transgeracional, programa para pais e filhos. Depois de oito mulheres, agora duas. Chegam perfeitamente. Swimming Pool é um policial? É a história de como nasce um policial? É um belíssimo filme, inteligente, divertido e sensível. Ainda por cima ouve-se bom francês e bom inglês. A não perder, até porque já só vai no Alvaláxia e no Monumental. Gracias, Paulo Branco!
PC
PS: Cá vai mais um linque.
PC
PS: Cá vai mais um linque.
quinta-feira, novembro 13, 2003
Deus morreu. E Paul McCartney?
Ninguém o diria ao vê-lo em tão boa companhia (cof cof), mas há uns tipos que acreditam que o Paul McCartney morreu há quase quarenta anos. A primeira vez que ouvi falar desta história foi aqui há uns meses. Uma rádio qualquer bombardeou-nos um fim-de-semana inteiro com provas, contraprovas e opiniões de peritos. Há dias, ao ouvir o Abbey Road, lembrei-me disto: é que uma das supostas "provas" da morte do Paul, para que vejam o calibre da coisa, é que ele é o único que atravessa a rua descalço na foto do disco. Mas há muitas mais: troços de letras, mensagens subliminares, logotipos de álbuns, etc. O Google indica 10.700 sites sobre isto. Talvez o Bernardo queira investigar, parece coisa para ele.
PC
PC
segunda-feira, novembro 10, 2003
Gastão strikes back
"Se tivesse medo comprava um cão, mas, como sabem, já tenho um e por isso não tenho medo"
Ferro Rodrigues, na Comissão Nacional do PS, sábado passado
Ferro Rodrigues, na Comissão Nacional do PS, sábado passado
sábado, novembro 08, 2003
Um abraço ao Pedro
Para o Pedro, resistente em Madrid: não é que em Lisboa esteja um dia particularmente bonito, mas Lisboa é sempre Lisboa, como dizia o poeta, cantava o fadista e sublinhava Monsieur de La Palice. E sabe bem viver aqui, mesmo sabendo que amanhã começam oficialmente as obras do "Inferno das Amoreiras", com o túnel fechado ao trânsito por 15 meses e o que demais se adivinha.
A auto-estrada que vai de Seia à Torre, na Serra da Estrela, deve estar já seguramente programada, bem como o 3º Aeroporto Internacional de Lisboa - a avaliar pelos nomes que devem estar na calha para baptizar o próximo, seráo necessários vários - se já existe um "Sá Carneiro" e uma auto-fundação "Mário Soares", um auto-Estádio "Vieira de Carvalho" e, até, uma auto-Biblioteca "Marcello Rebelo de Sousa", coitados de todos os Guterres, Durões e outros que tais, sem sequer um chafariz que consagre o seu nome para a posteridade... E, estou certo, se conseguimos continuar a manter os critérios de convergência e deficits abaixo dos 3% (na DSM IV, da Classificação das Doencas da Saúde Mental, este pormenor deve entrar no capítulo das "neurosses obsessivas"...), que mais e mais projectos de betão, como as gengivas do anunciante de uma pasta dentrífica, se perfilam nos horizontes.
Quanto às pessoas, enfim, são apenas pessoas - o que valem elas, na sua passagem efémera por este mundo, comparativamente com o Futuro... "porque lhes dais tanta dor, porque padecem assim"? Meu caro poeta, provavelmente a resposta é: porque são néscias ou ignorantes, porque não se mexem nem protestam, porque são más consumidoras, porque têm uma ideia da qualidade que é, ela própria, "abaixo de cão" e porque votam mal... "Batem leve, levemente", mas se calhar deviam dar com um bocadinho mais de força!
MC
A auto-estrada que vai de Seia à Torre, na Serra da Estrela, deve estar já seguramente programada, bem como o 3º Aeroporto Internacional de Lisboa - a avaliar pelos nomes que devem estar na calha para baptizar o próximo, seráo necessários vários - se já existe um "Sá Carneiro" e uma auto-fundação "Mário Soares", um auto-Estádio "Vieira de Carvalho" e, até, uma auto-Biblioteca "Marcello Rebelo de Sousa", coitados de todos os Guterres, Durões e outros que tais, sem sequer um chafariz que consagre o seu nome para a posteridade... E, estou certo, se conseguimos continuar a manter os critérios de convergência e deficits abaixo dos 3% (na DSM IV, da Classificação das Doencas da Saúde Mental, este pormenor deve entrar no capítulo das "neurosses obsessivas"...), que mais e mais projectos de betão, como as gengivas do anunciante de uma pasta dentrífica, se perfilam nos horizontes.
Quanto às pessoas, enfim, são apenas pessoas - o que valem elas, na sua passagem efémera por este mundo, comparativamente com o Futuro... "porque lhes dais tanta dor, porque padecem assim"? Meu caro poeta, provavelmente a resposta é: porque são néscias ou ignorantes, porque não se mexem nem protestam, porque são más consumidoras, porque têm uma ideia da qualidade que é, ela própria, "abaixo de cão" e porque votam mal... "Batem leve, levemente", mas se calhar deviam dar com um bocadinho mais de força!
MC
The rain in Spain
Este fim-de-semana são as festas de Santo Estêvão. Queria estar na ilha do Baleal e com sol. Estou em Madrid e com chuva. Que gaita. Sabem que mais, vou ao teatro. Mas em francês, em sinal de protesto com o clima que nuestros hermanos me proporcionam. E viva a Ibéria, que hoje se reune em cimeira na Foz do Mondego das lágrimas. Para que Durão ratifique o traçado do TGV que Aznar decidiu há meses, enquanto o Governo luso suspendia (sem alternativa) os planos dos seus antercessores. Anyway, é para ficarmos contentes. Lisboa-Madrid em 3 horas em 2009. O que eu não dava por já ter o alta-velocidade ao dispor... até ia às festas da ilha!
PC
PC
sexta-feira, novembro 07, 2003
Um linque da casa
Nasceu esta semana o blogue arre-burro. É um linque da casa porque é coordenado pelo MC. É dedicado à mais linda praia da terra portuguesa, como diria Raul Brandão (n'Os Pescadores). Que saudades, desde domingo passado...
PC
PC
quinta-feira, novembro 06, 2003
Chapelada literária
para a Ficções, revista de contos dirigida por Luísa Costa Gomes e publicada trimestralmente. O nº8 saíu em Outubro e traz Abelaira, Ortigão, Doris Lessing, entre outros. Comprei-o numa ida a Lisboa e, até ver, perdi-o antes da volta (o que é uma grande gaita). Como tenho sempre as leituras atrasadas, estou agora com o número extra da Ficções que saíu este Verão, dedicado ao conto humorístico. Fiquei a conhecer Deszo Kosztolanyi, Ring Lardner e James Thurber. E revisitei Saki, O. Henry, Alexandre O'Neill e Boris Vian. Atenção: aceitam colaborações espontâneas. E estão a organizar uma oficina de escrita narrativa. Para os amantes do género (estou com o dedo no ar), a Ficções é indispensável.
PC
PC
quarta-feira, novembro 05, 2003
Música para os meus ouvidos
Ó JPH, essa de meter a Mísia, a Maria João e a Mafalda Veiga tudo no mesmo saco, deixa que te diga... e que a dar o benefício da dúvida a alguma (se bem interpreto o teu "enfim...") seja logo a jazzeira, também me suscita as maiores reservas. Mísia é claramente superior à cabrinha montesa Veiga e à cacarejante Maria João - e atenção que reconheço à primeira algumas canções boas e da segunda gosto durante uns minutinhos.
PC
PC
terça-feira, novembro 04, 2003
Back to business
Não posso sair do país vizinho, que o príncipe arranja logo noiva. Diz a malta do GF que a mjo vem até cá para matá-la. Eu fico-me por uma republicana chapelada à Casa Real, que conseguiu manter em relação a este namoro uma discrição inacreditável nos tempos que correm. Entre nuestros hermanos, ninguém desconfiava; ainda há pouco tempo saíram umas fotos do Felipe com amig@s numa discoteca da moda e da Letizia nem pio. Ainda bem, pelos dois, deixem-nos em paz. Podiam mesmo fazer-lhes o enorme favor de proclamar a República e livrá-los das aborrecidíssimas funções que os esperam. Só não acontece porque os espanhóis são em maioritariamente republicanos no plano dos princípios, mas esmagadoramente juancarlistas quando toca à prática. Isso, as circunstâncias da transição democrática e o bom senso do rei explicam o enorme apoio que tem a monarquia por estas bandas e a falta de massa crítica dos movimentos republicanos.
PC
PS: Subscrevo esta posta do JPH. Ah, e foi muito bom vê-lo, e ao resto do pessoal.
PC
PS: Subscrevo esta posta do JPH. Ah, e foi muito bom vê-lo, e ao resto do pessoal.
sábado, novembro 01, 2003
Sábado intenso
com o Pão por Deus, as broas, os primos, os doces, a terra. Quarta, quinta e sexta de silêncio bloguístico, para matar saudades do cantinho à beira-mar plantado.
PC
PC
terça-feira, outubro 28, 2003
Terça-feira sofrida
sem Feira da Ladra nem raparigas a descer escada nenhuma a quatro a quatro, nem sequer ao pé-coxinho. Hoje tive de escrever uma notícia de economia. Socorro! Só mesmo ao som do Abrunhosa e com várias visitas ao Palavras da Tribo, onde andei a trocar postas com a Maria Poppe e comentários com a Isabel Ramos. A Maria, além de uma grande amiga, é irmã do António Poppe, que na quinta-feira dá um recital de poesia na Livraria Eterno Retorno, no Bairro mais Alto do Mundo. É às 22h e vou lá estar. Porque já estive doutras vezes, e há poucas pessoas que digam poesia como o Tó. E porque tenho umas saudades loucas da gente da Tribo.
PC
PC
segunda-feira, outubro 27, 2003
Segunda-feira mitigada
pelo aniversário do meu companheiro de blogue (e pai, for the matter) e porque tenho metade do Mégalopolis de Herbert Pagani para ouvir quando chegar a casa. A primeira metade tomei-a ontem como vacina para a depressão pós-fim-de-semana. Agravada pela vitória do Partido Popular nas eleições para o governo da Comunidade de Madrid. Quero Sábado, depressa!
PC
PC
quarta-feira, outubro 22, 2003
Catarina
O que se passou algures, num pequeno país chamado Portugal, em que a Catarina, de 3 anos, foi selvaticamente espancada, queimada com cigarros e batida, até morrer nos braços da polícia, mostra como algumas pessoas – políticos, profissionais de saúde, jornalistas, etc -, deveriam ter mais respeito quando perdem tanto tempo a falar de porcarias. Os abusos são, em 95% dos casos, cometidos em casa. As crianças abusadas sofrem perigo de morte, se não houver intervenção. Os abusadores têm que ser afastados e tratados antes de voltar a ter contacto com as crianças. Fartamo-nos de dizer isto, desde há mais de vinte anos. O que é que o senhor doutor Ferro Rodrigues e o Gastão têm a dizer sobre isto? Também irão fazer uma festa na Assembleia? A Catarina não era uma “presa pseudo-política”. Era uma criança de 3 anos, morta depois de barbaramente torturada, repetida e sadicamente, como o fazia a PIDE, a Stasi, os esbirros de Saddam, da Indonésia ou de Sharom. Soube disso aqui em Praga, pela net. E por uma jornalista do DN, extremamente comovida, que me telefonou. Assim como foram todos a correr para Castelo de Paiva, bem faziam em reservar um minuto de silêncio na AR. Para que não continuem a interessar-se só pelo que lhes interessa, em termos pessoais, de lobbies e de interesses de grupo. Ai, que vontade de dizer “porra!”.
MC
MC
Et plus...
E “La chanson de Paul”, “Sarah”, “Le petit garçon”, “Les loups”, “L´absence”… plus rien a dire ! Talvez devêssemos prestar um bocadinho mais de atenção, novamente, aos autores franceses, à cultura francesa, à língua francesa. Sem desprimor para os excelentes autores ingleses, há línguas no mundo (e na Europa) que suplantam o pragmatismo e o universalismo british. “Ce soir, mon amour…” e não é preciso dizer mais! Com Jacques Brel, Georges Brassens, Georges Moustaki, Edith Piaf, Moulodji, Barbara, Serge Reggiani, Patrick Bruel, Patricia Kaas, Gilbert Bécaud, Charles Aznavour, Salvatore Adamo, Leo Ferré, Boris Vian, Jean Ferrat, Céline Dion, Charles Trenet, Jacques Dutronc, Marie Laforet, Mireille Mathieu, Sylvie Vartan, Yves Montand, Serge Gainsbourg e o sonho da nossa adolescência - Françoise Hardy. Querem mais razões?
MC
MC
As voltas da chanson
Em Praga, com 3 graus negativos e chuva, a ouvir vezes sem conta. “La Dame Blanche”, com Georges Moustaki e Barbara “nos protagonistas”... ou “Ce soir mon amour”, do grande Reggiani que, em plena terceira (quarta?) idade lançou mais um disco. Ah, grande Serge. Outra chapelada nos que pensam que os neurónios se fundem com o passar dos anos, ou que a sabedoria dos velhos pode ser substituída por uma saltada à Internet. Força neles, compagnon de route. Velhos são os trapos!
MC
MC
Malaio que não se presta...
Porventura ninguém terá reparado... mas eu vi, na BBC, em Praga, capital da República Checa, que dará para um texto maior um dia destes.
Mas, repito, porventura escapou dos vossos olhares o discurso do presidente da Malásia, na reunião que os países asiáticos tiveram com George W. Bush. Não sei se o homem é de direita ou de esquerda, se é um democrata de gema ou um ditadorzeco encapotado. Mas gostei do que disse, com um sorriso oriental, pleno de simpatia e de ambiguidade: “Mr President. We are ready to be exploited... but in a fair way, please”.
G´anda chapelada!
MC
Mas, repito, porventura escapou dos vossos olhares o discurso do presidente da Malásia, na reunião que os países asiáticos tiveram com George W. Bush. Não sei se o homem é de direita ou de esquerda, se é um democrata de gema ou um ditadorzeco encapotado. Mas gostei do que disse, com um sorriso oriental, pleno de simpatia e de ambiguidade: “Mr President. We are ready to be exploited... but in a fair way, please”.
G´anda chapelada!
MC
terça-feira, outubro 21, 2003
"Cruzes!",
diz o canhoto PC ao ver o novo grafismo do blogue de J e N. Está mais bonito que dantes e continua interessante e divertido. Além de que alivia já não dizerem que estão no hospital. Chapelada prós canhotos, já!
Imprensa estrangeira II
Parece que afinal o Governo já não retira a publicidade da Time. Haja bom senso. Hoje Rui Moreira escreve no DN sobre este assunto.
PC
PC
Imprensa estrangeira
O espectador (e meu grande amigo) Bernardo tem razão no que diz respeito ao exagero da Time, ao levar à capa da edição europeia o caso das prostitutas de Bragança. Discordo de que a reportagem de Amanda Ripley e Martha de la Cal se trate de "uma patética lição de mau jornalismo"; parece-me que o erro é antes dos editores, ao levarem o assunto à capa nos termos em que o fazem, igualando Bragança a Amsterdam (tomara nós ter uma Amsterdam, e faço notar que não o digo pelos bordéis nem pelos charros). Anyway, voltando à vaca fria (sem piada fácil), faço notar que o próprio Bernardo reconhece a "veracidade dos factos" - que ninguém contesta, nem sequer o parolo Governo que temos e cuja atitude foi, já aqui o disse, profundamente imbecil. Aconselho o artigo de José Vítor Malheiros no Público de hoje.
Na mesma posta, o Bernardo desanca o El País por causa de uma reportagem publicada no Domingo passado (não posso pôr linque porque é reservado a subscritores). Não quero ser acusado de caseirismo, pelo que começo por dizer que há vários erros que não se compreendem num jornal com o prestígio do El País, para mais quando a reportagem justificou, na óptica da sua Direcção, um enviado especial - Luis Gómez, que por acaso não conheço. O mais flagrante é talvez o da caracterização da Casa Pia como "instituição educativa mais prestigiosa" de Portugal. Mas, meu caro Bernardo, retira o inciso à frase e dir-me-ás se é mentira que "Os casos de pedofilia na Casa Pía hipotecam a agenda política do país". Ou, citando o mesmo artigo, que "a euforia de 1998 deu lugar a um pesadelo, repleto de maus augúrios". Ou que a mesma Casa Pia era, de facto, um colégio de horrores.
O maior mérito de Gómez é, para mim, apanhar o contraste entre o que era o ego de Portugal do guterrismo e as evidências que ninguém pode hoje negar (nem Arnaut com as suas retaliações que não roubam um minuto de sono aos editores da Time). O nosso país inebriou-se com "picos" como a entrada no primeiro pelotão do euro, a Expo98, o Nobel para Saramago, Timor, Porto2001, a organização do Euro2004, a eleição para o Conselho de Segurança da ONU, etc, e esqueceu-se de que estes episódios, a que não quero retirar valor, não bastam. António Barreto disse-o da melhor forma: não éramos um país rico com bolsas de pobreza, mas um país pobre com bolsas de riqueza. Recordemos Entre-os-Rios e a surpresa geral - aquilo passava-se a 30 km da Ribeira do Porto, por onde um sorridente primeiro-ministro passeara a contemplar o fogo-de-artifício inaugural da Capital Europeia da Cultura? O viaduto do IC19 é uma versão mais pequena - e felizmente sem os contornos trágicos - da malograda ponte de Castelo de Paiva. São, e não é Gómez o primeiro a utilizá-las, metáforas do nosso país.
Concordo com o Bernardo: nem tanto ao mar nem tanto à terra. Ou seja, nem o orgasmo nacional de finais dos 90 nem a depressão geral do início deste século nos servem de muito. Um e outra impedem-nos de resolver, a sério, os problemas estruturais de Portugal. Mas não nos piquemos tanto quando a imprensa estrangeira nos retrata os defeitos. Quando aqui cheguei queixava-me de que ignoravam o meu país. Agora já não, pelos piores motivos. Esses tem-nos dado Portugal.
PC
PS: Em relação à Galiza, não, Bernardo, não é preciso "lembrar o senhor Luis Gómez" - que, insisto, não conheço - do que por lá se passa. Nenhum jornal tem batido tanto nessa tecla como o El País, e não é só pela tendência antiaznarista que tão-pouco disfarça.
Na mesma posta, o Bernardo desanca o El País por causa de uma reportagem publicada no Domingo passado (não posso pôr linque porque é reservado a subscritores). Não quero ser acusado de caseirismo, pelo que começo por dizer que há vários erros que não se compreendem num jornal com o prestígio do El País, para mais quando a reportagem justificou, na óptica da sua Direcção, um enviado especial - Luis Gómez, que por acaso não conheço. O mais flagrante é talvez o da caracterização da Casa Pia como "instituição educativa mais prestigiosa" de Portugal. Mas, meu caro Bernardo, retira o inciso à frase e dir-me-ás se é mentira que "Os casos de pedofilia na Casa Pía hipotecam a agenda política do país". Ou, citando o mesmo artigo, que "a euforia de 1998 deu lugar a um pesadelo, repleto de maus augúrios". Ou que a mesma Casa Pia era, de facto, um colégio de horrores.
O maior mérito de Gómez é, para mim, apanhar o contraste entre o que era o ego de Portugal do guterrismo e as evidências que ninguém pode hoje negar (nem Arnaut com as suas retaliações que não roubam um minuto de sono aos editores da Time). O nosso país inebriou-se com "picos" como a entrada no primeiro pelotão do euro, a Expo98, o Nobel para Saramago, Timor, Porto2001, a organização do Euro2004, a eleição para o Conselho de Segurança da ONU, etc, e esqueceu-se de que estes episódios, a que não quero retirar valor, não bastam. António Barreto disse-o da melhor forma: não éramos um país rico com bolsas de pobreza, mas um país pobre com bolsas de riqueza. Recordemos Entre-os-Rios e a surpresa geral - aquilo passava-se a 30 km da Ribeira do Porto, por onde um sorridente primeiro-ministro passeara a contemplar o fogo-de-artifício inaugural da Capital Europeia da Cultura? O viaduto do IC19 é uma versão mais pequena - e felizmente sem os contornos trágicos - da malograda ponte de Castelo de Paiva. São, e não é Gómez o primeiro a utilizá-las, metáforas do nosso país.
Concordo com o Bernardo: nem tanto ao mar nem tanto à terra. Ou seja, nem o orgasmo nacional de finais dos 90 nem a depressão geral do início deste século nos servem de muito. Um e outra impedem-nos de resolver, a sério, os problemas estruturais de Portugal. Mas não nos piquemos tanto quando a imprensa estrangeira nos retrata os defeitos. Quando aqui cheguei queixava-me de que ignoravam o meu país. Agora já não, pelos piores motivos. Esses tem-nos dado Portugal.
PC
PS: Em relação à Galiza, não, Bernardo, não é preciso "lembrar o senhor Luis Gómez" - que, insisto, não conheço - do que por lá se passa. Nenhum jornal tem batido tanto nessa tecla como o El País, e não é só pela tendência antiaznarista que tão-pouco disfarça.
segunda-feira, outubro 20, 2003
domingo, outubro 19, 2003
Obviamente, demita-se!
Desculpe, Dr. Ferro Rodrigues, mas se gosta realmente do PS, de Portugal e dos portugueses, se concorda que a democracia treme na falta de um governo bom, de uma oposição boa - e que esta tambem faz aquele -, se acredita que um seu qualquer outro compatriota vale tanto com o canídeo Gastão, e que a única oposição que tem feito tem sido falar e contra-falar sobre o caso Pedroso, então só lhe resta um caminho. Saia. Demita-se. Ceda o lugar a outros, que não estejam metidos na porcaria ate ao pescoço, seja porque o meteram, seja porque foi inábil para dela sair. Vá-se embora. Deixe o PS, os portugueses e Portugal em paz. Objectivamente, o senhor tem servido como um excelente aliado do Governo, ao dar cabo da única alternativa possível para governar Portugal. E tem sido profundamente incompetente no seu cargo de líder do maior partido da oposição. Não presta. Não serve. Exigiu a demissão de Portas, dos vários ministros, etc, etc. Chegou a hora de exigir a sua. Pegue na Embaixadora Ana Gomes e em mais uns quantos, e parta para umas (longas) férias. Com ou sem Gastão, coitado, que, ao menos, não está abaixo de cão!!!
MC
MC
sexta-feira, outubro 17, 2003
Estou como a ASL,
ainda não me decidi a passar uma expressoless week. Ainda que ao retardador, porque aqui não se consegue comprar jornais portugueses, continuo a ler o calhamaço, sem saber bem porquê... Hoje, contudo, ao pegar na edição da semana passada, encontrei uma razão, ou melhor, duas. As capas do Actual e da Revista, com Nicole Kidman e Uma Thurman, valem os dois euros e noventa que nos chateia dar pela qualidade do jornal.
PC
PC
quinta-feira, outubro 16, 2003
Regresso a “La pelota vasca”
Vítor Meirinho, leitor do Blógica, comenta uma posta minha sobre o filme do espanhol Julio Medem e o conflito do País Basco:
“Do meu ponto de vista, há sempre um facto que se esquece ao falar da questão política e terrorista no País Basco, e é para mim importantíssimo: a pequena dimensão da ETA (que faz uns cinco, seis ou sete mortos por ano), que não se corresponde em absoluto com a imagem de conflito terrível que se pretende oferecer à opinião pública espanhola e internacional. Quero dizer, acho que o problema do terrorismo é propositadamente manipulado pelo poder espanhol para, com a escusa de um imaginário «apocalipse terrorista» que dista de ser tal (sem por isso deixar de ser grave a morte de pessoas, obviamente) atacar as liberdades democráticas que cabe ter o nacionalismo basco em geral.”
Concordo e discordo. Vejamos porquê:
Vítor Meirinho tem razão no que diz respeito a algum aproveitamento por parte do governo de Aznar, que, de resto, tem inviabilizado toda e qualquer tentativa de diálogo com os nacionalistas não-violentos (PNV, Aralar, etc). O PP tem usado o conflito basco para tentar forçar o PSOE a aparecer de braço dado com o Governo, através de uma chantagem, segundo a qual quem não está com Aznar está com a ETA (argumento reproduzido também quanto à invasão do Iraque). Os socialistas não alinham a 100%, mas na maioria dos casos sim. Uma questão muito discutida foi a da ilegalização do Herri Batasuna, braço político da ETA. Havia argumentos fortes a favor (as subvenções públicas que o partido recebia iam direitinhas para os terroristas) e contra (assim elimina-se a possibilidade de entendimentos e empurra-se os nacionalistas moderados para conquistar o eleitorado radical). Confesso não ter certezas.
Quanto ao PNV (que lidera o governo regional de Euskadi), a sua atitude em relação à ETA tem sido pusilânime. Entre a tentação de roubar votos ao Batasuna, a certeza de não fazer parte da lista de alvos a abater e a desculpa que lhe oferece, de bandeja, o nacionalismo também radical de Aznar, o PNV vai tentando levar a água ao seu moinho. Agora apresentou o chamado plano Ibarretxe (nome do actual presidente do governo basco, ou lehendakari), que quer fazer aprovar atropelando a Constituição, e para o qual são indispensáveis os votos, no parlamento basco, do Batasuna (a quem o PP e o PSOE querem, obedecendo aos tribunais, retirar direitos enquanto grupo parlamentar, coisa a que o PNV se opõe, com um apoio despropositado dos comunistas).
É complexa a situação no País Basco, e Medem tem, insisto, o mérito de mostrar isso mesmo. O desequilíbrio eventual do filme deve-se à recusa do PP e da plataforma anti-terrorista ¡Basta Ya! em participar (o líder deste movimento, o filósofo Fernando Savater, veio recentemente dizer que, embora não tenha aceite o convite de Medem, acha que o filme não defende de nenhum modo o terrorismo).
O meu desacordo com o leitor refere-se à pequena dimensão da ETA. Engana-se na estatística: este ano morreram 3, no ano passado 5, mas em 2001 foram 15 e em 2000 foram 23 as vítimas da loucura assassina da ETA, autêntico fascismo posto em prática.
É verdade que, graças à Ertzaintza (polícia basca), em colaboração com a polícia francesa e com algum mérito do governo central, os terroristas têm sofrido baixas enormes, são hoje uma meia dúzia de tarados que matam por matar e já nem sabem bem o que defendem. Mas também é verdade que, para além da estatística, em Euskadi não se vive em paz nem em segurança. A qualquer momento a espada de Dâmocles pode cair-nos em cima. Há listas de gente a abater, há extorsão (a que os ignóbeis etarras chamam imposto revolucionário), há medo. Isto do ponto de vista da segurança. Do ponto de vista da convivência, a situação é igualmente má. Os governos central e regional, com o seu braço-de-ferro, dividem em vez de aproximar as fracções nacionalista e não-nacionalista da população. Da parte de Ibarretxe, até com algum racismo, uma espécie de mitologia de povo escolhido. Da parte de Aznar, com um espanholismo que não tem justificação e impede todo e qualquer pensamento diferente do seu. Dois extremismos que são alibi um do outro. Uma tristeza que se torna maior ao ver as paisagens e as pessoas que Medem filma.
PC
“Do meu ponto de vista, há sempre um facto que se esquece ao falar da questão política e terrorista no País Basco, e é para mim importantíssimo: a pequena dimensão da ETA (que faz uns cinco, seis ou sete mortos por ano), que não se corresponde em absoluto com a imagem de conflito terrível que se pretende oferecer à opinião pública espanhola e internacional. Quero dizer, acho que o problema do terrorismo é propositadamente manipulado pelo poder espanhol para, com a escusa de um imaginário «apocalipse terrorista» que dista de ser tal (sem por isso deixar de ser grave a morte de pessoas, obviamente) atacar as liberdades democráticas que cabe ter o nacionalismo basco em geral.”
Concordo e discordo. Vejamos porquê:
Vítor Meirinho tem razão no que diz respeito a algum aproveitamento por parte do governo de Aznar, que, de resto, tem inviabilizado toda e qualquer tentativa de diálogo com os nacionalistas não-violentos (PNV, Aralar, etc). O PP tem usado o conflito basco para tentar forçar o PSOE a aparecer de braço dado com o Governo, através de uma chantagem, segundo a qual quem não está com Aznar está com a ETA (argumento reproduzido também quanto à invasão do Iraque). Os socialistas não alinham a 100%, mas na maioria dos casos sim. Uma questão muito discutida foi a da ilegalização do Herri Batasuna, braço político da ETA. Havia argumentos fortes a favor (as subvenções públicas que o partido recebia iam direitinhas para os terroristas) e contra (assim elimina-se a possibilidade de entendimentos e empurra-se os nacionalistas moderados para conquistar o eleitorado radical). Confesso não ter certezas.
Quanto ao PNV (que lidera o governo regional de Euskadi), a sua atitude em relação à ETA tem sido pusilânime. Entre a tentação de roubar votos ao Batasuna, a certeza de não fazer parte da lista de alvos a abater e a desculpa que lhe oferece, de bandeja, o nacionalismo também radical de Aznar, o PNV vai tentando levar a água ao seu moinho. Agora apresentou o chamado plano Ibarretxe (nome do actual presidente do governo basco, ou lehendakari), que quer fazer aprovar atropelando a Constituição, e para o qual são indispensáveis os votos, no parlamento basco, do Batasuna (a quem o PP e o PSOE querem, obedecendo aos tribunais, retirar direitos enquanto grupo parlamentar, coisa a que o PNV se opõe, com um apoio despropositado dos comunistas).
É complexa a situação no País Basco, e Medem tem, insisto, o mérito de mostrar isso mesmo. O desequilíbrio eventual do filme deve-se à recusa do PP e da plataforma anti-terrorista ¡Basta Ya! em participar (o líder deste movimento, o filósofo Fernando Savater, veio recentemente dizer que, embora não tenha aceite o convite de Medem, acha que o filme não defende de nenhum modo o terrorismo).
O meu desacordo com o leitor refere-se à pequena dimensão da ETA. Engana-se na estatística: este ano morreram 3, no ano passado 5, mas em 2001 foram 15 e em 2000 foram 23 as vítimas da loucura assassina da ETA, autêntico fascismo posto em prática.
É verdade que, graças à Ertzaintza (polícia basca), em colaboração com a polícia francesa e com algum mérito do governo central, os terroristas têm sofrido baixas enormes, são hoje uma meia dúzia de tarados que matam por matar e já nem sabem bem o que defendem. Mas também é verdade que, para além da estatística, em Euskadi não se vive em paz nem em segurança. A qualquer momento a espada de Dâmocles pode cair-nos em cima. Há listas de gente a abater, há extorsão (a que os ignóbeis etarras chamam imposto revolucionário), há medo. Isto do ponto de vista da segurança. Do ponto de vista da convivência, a situação é igualmente má. Os governos central e regional, com o seu braço-de-ferro, dividem em vez de aproximar as fracções nacionalista e não-nacionalista da população. Da parte de Ibarretxe, até com algum racismo, uma espécie de mitologia de povo escolhido. Da parte de Aznar, com um espanholismo que não tem justificação e impede todo e qualquer pensamento diferente do seu. Dois extremismos que são alibi um do outro. Uma tristeza que se torna maior ao ver as paisagens e as pessoas que Medem filma.
PC
quarta-feira, outubro 15, 2003
Os cus e as calças (pelos tornozelos)
O Governo suspende a publicidade ao Euro2004 na revista Time, noticia o Público. A fonte é o gabinete do ministro adjunto do PM. O motivo? Esta reportagem sobre as prostitutas brasileiras em Bragança.
A notícia diz que o Governo está "a avaliar a situação criada pela reportagem". Ora eu li-a e, com a licença dos meus anfitriões pergunto ¿De qué cojones estamos hablando?
Comecemos pela reportagem. A história das raparigas, dos bares de alterne e das mulheres revoltadas está bem contada. A jornalista teve a preocupação de ouvir as prostitutas, as mulheres enganadas (autoras do manifesto Mães de Bragança), o dono de uma rede de casas de alterne, os homens que os frequentam, a polícia, o presidente da Câmara, sociólogos, gente dos serviços de imigração, etc. O resultado no interior é equilibrado, ainda que se note que quem a escreveu não conhece Portugal como a palma da mão. Dito isto, é exagerado o título Europe's new red light district na capa, até porque não tem correspondência com o conteúdo, além de dar a ideia que isto só se passa em Bragança. De resto, a própria reportagem deixa claro que o que diferencia este caso de outros é a reacção das mulheres (ainda bem que se mexeram, sem discutir os comos e os quês).
É triste (hoje como há séculos) a história de uma mulher que se dedica não sei quantos anos a um marido que prefere ir às putas. Na reportagem há pormenores cruéis (devidamente citados, não inventados), como o de alguém que compara o aroma exótico das brasileiras com o cheiro a gordura de uma dona de casa a fazer o jantar (idem para a forma física de uma e de outra). Não "caem bem" as gargalhadas do chefe da polícia local, que aconselha as mulheres a "fazerem-se mais interessantes para os maridos". Mas alguém se espanta que isto se passe no nosso país, como em tantos outros? Onde está a ofensa, na verdade?!
Releio a reportagem, releio a notícia do Público e a atitude do Governo continua a parecer-me histérica e despropositada. E em relação ao Europeu, publicitem-no, porque a coisa já não vai famosa, nem no plano desportivo, nem no económico. Se resolverem manter o ar de virgens ofendidas, pelo menos invistam o dinheiro poupado na publicidade da Time numa coisa útil: comprem os árbitros do play-off Espanha-Noruega para que os nuestros hermanos se qualifiquem. De certeza que vêm mais espanhóis do que noruegueses, e sempre são mais uns euros que cá deixam.
PC
PS: Detalhe delicioso na reportagem: ...Portugal's traditional, mournful fado music, a sort of blues-opera hybrid that weaves together vocals and string instruments...
A notícia diz que o Governo está "a avaliar a situação criada pela reportagem". Ora eu li-a e, com a licença dos meus anfitriões pergunto ¿De qué cojones estamos hablando?
Comecemos pela reportagem. A história das raparigas, dos bares de alterne e das mulheres revoltadas está bem contada. A jornalista teve a preocupação de ouvir as prostitutas, as mulheres enganadas (autoras do manifesto Mães de Bragança), o dono de uma rede de casas de alterne, os homens que os frequentam, a polícia, o presidente da Câmara, sociólogos, gente dos serviços de imigração, etc. O resultado no interior é equilibrado, ainda que se note que quem a escreveu não conhece Portugal como a palma da mão. Dito isto, é exagerado o título Europe's new red light district na capa, até porque não tem correspondência com o conteúdo, além de dar a ideia que isto só se passa em Bragança. De resto, a própria reportagem deixa claro que o que diferencia este caso de outros é a reacção das mulheres (ainda bem que se mexeram, sem discutir os comos e os quês).
É triste (hoje como há séculos) a história de uma mulher que se dedica não sei quantos anos a um marido que prefere ir às putas. Na reportagem há pormenores cruéis (devidamente citados, não inventados), como o de alguém que compara o aroma exótico das brasileiras com o cheiro a gordura de uma dona de casa a fazer o jantar (idem para a forma física de uma e de outra). Não "caem bem" as gargalhadas do chefe da polícia local, que aconselha as mulheres a "fazerem-se mais interessantes para os maridos". Mas alguém se espanta que isto se passe no nosso país, como em tantos outros? Onde está a ofensa, na verdade?!
Releio a reportagem, releio a notícia do Público e a atitude do Governo continua a parecer-me histérica e despropositada. E em relação ao Europeu, publicitem-no, porque a coisa já não vai famosa, nem no plano desportivo, nem no económico. Se resolverem manter o ar de virgens ofendidas, pelo menos invistam o dinheiro poupado na publicidade da Time numa coisa útil: comprem os árbitros do play-off Espanha-Noruega para que os nuestros hermanos se qualifiquem. De certeza que vêm mais espanhóis do que noruegueses, e sempre são mais uns euros que cá deixam.
PC
PS: Detalhe delicioso na reportagem: ...Portugal's traditional, mournful fado music, a sort of blues-opera hybrid that weaves together vocals and string instruments...
segunda-feira, outubro 13, 2003
Progresso e Teoria da Evolução
Atenção, Bernardo, porque a posta em que desancas o progresso incorre num equívoco. Não vou hoje entrar no debate sobre o progresso propriamente dito (outro dia, na blogosfera ou num jantar no Bairro Alto), mas fazer umas observações quanto à teoria da evolução das espécies, que também desancas. Cá vamos:
1. Comecemos por sublinhar que a teoria da evolução das espécies é de Darwin - o primeiro a sistematizá-la, com ideias anteriores - mas já passaram uns anos desde a viagem do Beagle (1831-1836), as Galápagos e os tentilhões. Já houve tempo para alguma crítica e alguma análise e, sobretudo, para que os conhecimentos entretanto adquiridos possam ajudar a dar mais consistência à teoria ou a iluminar aspectos pendentes da mesma. A química também já não é só Lavoisier, nem a física Newton, e até há um português que desdiz ditos de Einstein. Uma abordagem actual da evolução é a do americano Stephen Jay Gould, falecido no ano passado.
2. O erro em que me parece que cais - como muita gente - é o de atribuir à teoria da evolução das espécies uma ideia que não faz parte dela: a de que as mudanças são para melhor, ou que há uma direcção, um sentido (um fim?), tal como se estivéssemos num processo linear destinado ao tal Super-Homem de que falas. Nada que se pareça. Na raiz desta ideia errada está a concepção errada da evolução como uma adaptação progressiva determinada pelas mudanças do meio. A ser esse o caso (insisto, não é) a evolução teria um sentido, um objectivo, mas ainda assim ele não seria o de conseguir super-homens, antes seres vivos o mais adaptados possível ao meio em que viviam. Mas Darwin) não diz que as mudanças do meio determinam as mudanças nos seres vivos, mas sim que as mudanças no meio determinam quais variedades - de entre muitas pré-existentes - singram ou não.
3. De onde vêm, então, estas mudanças? No tempo de Darwin não havia conhecimentos suficientes (foi antes de Mendel) sobre genética, mas hoje, felizmente, hé-os. Não só se conhecem os mecanismos de transmissão hereditária como se conhecem os fenómenos mais ou menos extraordinários que ocorrem durante o mesmo. As mutações genéticas são, como dizes, raras. São a excepção, sim senhor. E ainda por cima, muitas são, desde logo, incompatíveis com a vida. Ou seja, as que produzem mudanças na descendência de um dado ser vivo são ainda mais raras do que tu dizes. E claro, as que (por casualidade!) levam a que um organismo esteja melhor adaptado a um meio que mudou (ou não, mas essa é uma variável independente da dita mutação), serão ainda menos. Agora explica-me: porque raio é que isso serviria de argumento contra a teoria da evolução das espécies?! Talvez o facto de a selecção natural demorar milhões de anos a actuar tenha que ver com isso, não?! É por isso que as cobras têm cintura pélvica residual, os cavalos uma espécie de unha a meia-altura das pernas, e os Homens dentes do siso (em progressivo, desculpa o adectivo, desaparecimento).
4. "Mais sofisticado" não significa melhor. Poderá querer dizer "mais adaptado ao meio", segundo as características deste. De forma contingente. Stephen Jay Gould batia muito nesta tecla.
E chega, que a posta vai longa e não quero que se torne em posta de bacalhau. Sobre o progresso, a democracia, o Papa, a iraniana, discutiremos noutra altura. A propósito, manda um abraço ao Duarte por esta posta e toma tu outro por esta, ainda que um abraço amigo não precise de ter uma posta como pretexto.
PC
1. Comecemos por sublinhar que a teoria da evolução das espécies é de Darwin - o primeiro a sistematizá-la, com ideias anteriores - mas já passaram uns anos desde a viagem do Beagle (1831-1836), as Galápagos e os tentilhões. Já houve tempo para alguma crítica e alguma análise e, sobretudo, para que os conhecimentos entretanto adquiridos possam ajudar a dar mais consistência à teoria ou a iluminar aspectos pendentes da mesma. A química também já não é só Lavoisier, nem a física Newton, e até há um português que desdiz ditos de Einstein. Uma abordagem actual da evolução é a do americano Stephen Jay Gould, falecido no ano passado.
2. O erro em que me parece que cais - como muita gente - é o de atribuir à teoria da evolução das espécies uma ideia que não faz parte dela: a de que as mudanças são para melhor, ou que há uma direcção, um sentido (um fim?), tal como se estivéssemos num processo linear destinado ao tal Super-Homem de que falas. Nada que se pareça. Na raiz desta ideia errada está a concepção errada da evolução como uma adaptação progressiva determinada pelas mudanças do meio. A ser esse o caso (insisto, não é) a evolução teria um sentido, um objectivo, mas ainda assim ele não seria o de conseguir super-homens, antes seres vivos o mais adaptados possível ao meio em que viviam. Mas Darwin) não diz que as mudanças do meio determinam as mudanças nos seres vivos, mas sim que as mudanças no meio determinam quais variedades - de entre muitas pré-existentes - singram ou não.
3. De onde vêm, então, estas mudanças? No tempo de Darwin não havia conhecimentos suficientes (foi antes de Mendel) sobre genética, mas hoje, felizmente, hé-os. Não só se conhecem os mecanismos de transmissão hereditária como se conhecem os fenómenos mais ou menos extraordinários que ocorrem durante o mesmo. As mutações genéticas são, como dizes, raras. São a excepção, sim senhor. E ainda por cima, muitas são, desde logo, incompatíveis com a vida. Ou seja, as que produzem mudanças na descendência de um dado ser vivo são ainda mais raras do que tu dizes. E claro, as que (por casualidade!) levam a que um organismo esteja melhor adaptado a um meio que mudou (ou não, mas essa é uma variável independente da dita mutação), serão ainda menos. Agora explica-me: porque raio é que isso serviria de argumento contra a teoria da evolução das espécies?! Talvez o facto de a selecção natural demorar milhões de anos a actuar tenha que ver com isso, não?! É por isso que as cobras têm cintura pélvica residual, os cavalos uma espécie de unha a meia-altura das pernas, e os Homens dentes do siso (em progressivo, desculpa o adectivo, desaparecimento).
4. "Mais sofisticado" não significa melhor. Poderá querer dizer "mais adaptado ao meio", segundo as características deste. De forma contingente. Stephen Jay Gould batia muito nesta tecla.
E chega, que a posta vai longa e não quero que se torne em posta de bacalhau. Sobre o progresso, a democracia, o Papa, a iraniana, discutiremos noutra altura. A propósito, manda um abraço ao Duarte por esta posta e toma tu outro por esta, ainda que um abraço amigo não precise de ter uma posta como pretexto.
PC
domingo, outubro 12, 2003
Ah, grande selecção!
A palavra "Selecção", segundo o Dicionário de Sinónimos da Porto Editora (passe a publicidade) quer dizer: apuramento, combinado, selecto, distinção, eleição, escolha, predilecção, separação e triagem.
Não sei se o Dicionário errou - creio que não -, mas as palavras "vergonha", "buracos", "falhanços", miséria" e "desgraçadinhos" não constam da lista.
Mas foi o que vimos e temos visto, neste grande campeonato que Scolari, sim, o mesmo que aparece com ar entusiástico a falar às multidões, com uma assinatura final de mestiçagem entre o Euro 2004 e o logotipo da campanha do Governo, resolveu realizar, já que não estávamos na fase do apuramento. Os outros que se esgadanhem, que se torçam que dêem o litro. Nõs temos adversários poderosíssimos para os treinos: ele é o Casaquistão, ele é a Albânia, ele é... a liga dos reumáticos e o team dos saci-perêrês... e mesmo assim, lá ganhámos. Cinco a três. O grande Ricardo estava inspirado, graças a deus... se não era como com os Camarões - de 5-0 a 5-5, e só não deu "al ajillo" porque o jogo acabou...
Não basta investir em estádios ultra-formidáveis, que nem os Rolling Stones esperavam, de tão bons. Não basta desenrolar tapetes de relva holandesa para substituir a relva bichada do grande Estádio Lagartáxia XXI. Não basta os espaços para os anões, na catedral, e para os invisuais, no outro lado da Circular - e quiçá pra os surdos, no Estádio do Dragão... só falta. Investir num bom treinador, num bom seleccionador que não escolha o 3º guarda-redes do Porto podendo ter o 1º, investir numa equipa (que não é um mero somatório de estrelas). Scolari não vai fazer grande "scola". Filipão mais parece um filipinho. Ah, grande pátria nossa amada. E ainda dizem que o futebol é o ópio do povo.... quanto a drogas, realmente, estamos conversados...
MC
Não sei se o Dicionário errou - creio que não -, mas as palavras "vergonha", "buracos", "falhanços", miséria" e "desgraçadinhos" não constam da lista.
Mas foi o que vimos e temos visto, neste grande campeonato que Scolari, sim, o mesmo que aparece com ar entusiástico a falar às multidões, com uma assinatura final de mestiçagem entre o Euro 2004 e o logotipo da campanha do Governo, resolveu realizar, já que não estávamos na fase do apuramento. Os outros que se esgadanhem, que se torçam que dêem o litro. Nõs temos adversários poderosíssimos para os treinos: ele é o Casaquistão, ele é a Albânia, ele é... a liga dos reumáticos e o team dos saci-perêrês... e mesmo assim, lá ganhámos. Cinco a três. O grande Ricardo estava inspirado, graças a deus... se não era como com os Camarões - de 5-0 a 5-5, e só não deu "al ajillo" porque o jogo acabou...
Não basta investir em estádios ultra-formidáveis, que nem os Rolling Stones esperavam, de tão bons. Não basta desenrolar tapetes de relva holandesa para substituir a relva bichada do grande Estádio Lagartáxia XXI. Não basta os espaços para os anões, na catedral, e para os invisuais, no outro lado da Circular - e quiçá pra os surdos, no Estádio do Dragão... só falta. Investir num bom treinador, num bom seleccionador que não escolha o 3º guarda-redes do Porto podendo ter o 1º, investir numa equipa (que não é um mero somatório de estrelas). Scolari não vai fazer grande "scola". Filipão mais parece um filipinho. Ah, grande pátria nossa amada. E ainda dizem que o futebol é o ópio do povo.... quanto a drogas, realmente, estamos conversados...
MC
sexta-feira, outubro 10, 2003
Boa escolha
Ainda bem que o Comité Nobel atribuiu o Prémio Nobel da Paz à activista iraniana Shirin Ebadi. Uma boa surpresa, quando tudo levava a crer que o premiado seria o Papa. Embora reconheça esforços de ecumenismo a João Paulo II, merece-me muitíssimas reticências. A esta senhora conheço-a pior, mas o trabalho que tem desenvolvido é difícil, perigoso e extraordinário. Impulsionar reformas no mundo islâmico é do mais importante que se pode fazer pela Humanidade nestes tempos. Impulsioná-las na Igreja Católica também não é dispiciendo, sem querer chover no molhado, a prestação de Karol Wojtyla neste ponto deixa muito a desejar.
PC
PC
quinta-feira, outubro 09, 2003
Ite, missae est.
A propósito dos acontecimentos dos últimos dias - ministros que estavam a preparar o dia seguinte e vêem-se despedidos (com "justa causa", diga-se), ex-ministro que está preso e sai por um acórdão que já devia ter sido dado há semanas (dura lex, sed lex, e aplica-se a todos, ex-ministros ou ministros, com o mesmo rigor e implacabilidade), estudante que sonhava com a entrada numa faculdade (e já dava como "favas contadas") e porque vive num Estado de direito e em democracia, vai ter que ir aprender para outro lado... e, se calhar, tanta gente que pensava estar bem e descobriu uma doença grave, ou tantos que tinham perdido a esperança e adquiriram novos rumos e novos graus de liberdade. Enfim. Tudo tem um sentido, mesmo as coisas de sentido duvidoso. E lembrei-me de um texto que escrevi há muito tempo. Aqui fica, para os nossos visitantes bloguistas.
MC
Amanhã um novo dia
E entre o sol e o nevoeiro, a paz e a discórdia, o consenso e o conflito, o feio e o bonito, um novo átomo nascerá, um sonho será permitido, uma página nova aberta e despertos os sentidos.
Para que possamos cometer outros erros, que não os mesmos, porque essa é a maravilha e a marca indelével da imperfeição das pessoas e da condição humana, no percurso eterno do aperfeiçoamento a caminho do infinito e da utopia.
MC
Amanhã um novo dia
E entre o sol e o nevoeiro, a paz e a discórdia, o consenso e o conflito, o feio e o bonito, um novo átomo nascerá, um sonho será permitido, uma página nova aberta e despertos os sentidos.
Para que possamos cometer outros erros, que não os mesmos, porque essa é a maravilha e a marca indelével da imperfeição das pessoas e da condição humana, no percurso eterno do aperfeiçoamento a caminho do infinito e da utopia.
"Simplesmente observamos o que se passa",
dizem eles. Mas nós sabemos que fazem muito mais que isso. Bernardo Sanchez da Motta e Duarte Fragoso são bons amigos e acabam de lançar um blogue. Dizem-se "espectadores" para que acreditemos que apenas assistem ao grande teatro do Mundo. Mas um espectador pode aplaudir, ressonar, apupar, patear ou até atirar uns bons tomates podres se a trupe não estiver à altura da distinta plateia ou, de forma mais pragmática, do preço dos bilhetes que, a bem dizer, não anda barato. Vai valer muito a pena ler o blogue do Bernardo e do Duarte. Os dois primeiros dias prometem. Provocadores, polémicos e de uma grande honestidade intelectual, dão vontade de dizer "posso não estar de acordo com as suas ideias, mas lutarei para que possa exprimi-las" (era mais ou menos isto, nãao era?). Além de merecidas e entusiásticas boas-vindas à blogosfera, queremos dedicar-lhes um poema. Para não arriscarmos a pele, abstemo-nos de submeter à altíssima bitola dos Espectadores os nossos escassos dotes de vates da batata. Preferimos delegar - e perdoem a repetição - em SG (Gigante, que não Light). Muito a propósito, aqui fica o Espectáculo.
ESPECTÁCULO (in Campolide, 1979)
Quando
tu me vires no futebol
estarei no campo
cabeça ao sol
a avançar pé ante pé
para uma bola que está
à espera dum pontapé
à espera dum penalty
que eu vou transformar para ti
eu vou
atirar para ganhar
vou rematar
e o golo que eu fizer
ficará sempre na rede
a libertar-nos da sede
não me olhes só da bancada lateral
desce-me essa escada e vem deitar-te na grama
vem falar comigo como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos jogar
Quando
tu me vires no music-hall
estarei no palco
cabeça do sol
ao sol da noite das luzes
à espera dum outro sol
e que os teus olhos os uses
como quem usa um farol
não me olhes só dessa frisa lateral
desce pela cortina e acompanha-me em cena
vamos dar à perna como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos bailar
Quando
tu me vires na televisão
estarei no écran
pés assentes no chão
a fazer publicidade
mas desta vez da verdade
mas desta vez da alegria
de duas mãos agarradas
mão a mão no dia a dia
não me olhes só desse maple estofado
desce pela antena e vem comigo ao programa
vem falar à gente como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos cantar
E quando
à minha casa fores dar
vem devagar
e apaga-me a luz
que a luz destrouta ribalta
às vezes não me seduz
às vezes não me faz falta
às vezes não me seduz
às vezes não me faz falta.
Depois há uma parte linda só com piano. Chapelada para os Espectadores. Um abraço!
PC
ESPECTÁCULO (in Campolide, 1979)
Quando
tu me vires no futebol
estarei no campo
cabeça ao sol
a avançar pé ante pé
para uma bola que está
à espera dum pontapé
à espera dum penalty
que eu vou transformar para ti
eu vou
atirar para ganhar
vou rematar
e o golo que eu fizer
ficará sempre na rede
a libertar-nos da sede
não me olhes só da bancada lateral
desce-me essa escada e vem deitar-te na grama
vem falar comigo como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos jogar
Quando
tu me vires no music-hall
estarei no palco
cabeça do sol
ao sol da noite das luzes
à espera dum outro sol
e que os teus olhos os uses
como quem usa um farol
não me olhes só dessa frisa lateral
desce pela cortina e acompanha-me em cena
vamos dar à perna como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos bailar
Quando
tu me vires na televisão
estarei no écran
pés assentes no chão
a fazer publicidade
mas desta vez da verdade
mas desta vez da alegria
de duas mãos agarradas
mão a mão no dia a dia
não me olhes só desse maple estofado
desce pela antena e vem comigo ao programa
vem falar à gente como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos cantar
E quando
à minha casa fores dar
vem devagar
e apaga-me a luz
que a luz destrouta ribalta
às vezes não me seduz
às vezes não me faz falta
às vezes não me seduz
às vezes não me faz falta.
Depois há uma parte linda só com piano. Chapelada para os Espectadores. Um abraço!
PC
quarta-feira, outubro 08, 2003
Não foi por unanimidade,
como diz Ivan Nunes. O relator do acórdão votou vencido. Seja como for, SIM, é uma boa notícia a libertação de Paulo Pedroso.
PC
PC
A "frente facho-canhota contra as praxes",
que lançaram Statler e Animal, publicou recentemente o seu epitáfio, pertinente como as postas anteriores sobre o assunto. De resto, soube há dias que deste lado da península também se fazem praxes universitárias. Chamam-lhes "novatadas" e chegam a ser tão alarves e fascistóides como as nossas. Por abominar esse monumento à imbecilidade, aqui vai uma letra do inigualável SG, que "desanca a praxe".
MAÇÃ COM BICHO (in Lupa)
O tempo passa
e lembras com saudade
o saudoso tempo da universidade
foste caloiro
e quintanista
já comes caviar
esquece o alpista
P`ra entrar na universidade
é preciso
prender o humor
na gaiola do riso
ter médias altas
hi-hon, ão-ão
zurrar, ladrar
lamber de quatro o chão
Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
Chamar-se a si mesmo
besta anormal
dá sempre atenuante ao tribunal
é formativo
p`ró estudante
que não quer ser popriamente
um ingnorante
Empurrar fósforos com o nariz
tirar à estupidez a bissectriz
eis causas nobres
estruturantes
eis tradição
sem ser o que era dantes
Não vou usar
mais exemplos concretos
é rastejando
que se ascende aos tectos?
Então vejamos
preto no branco
as cores da razão
porque a praxe eu desanco
Chapelada para SG e que o próximo álbum não tarde!
PC
MAÇÃ COM BICHO (in Lupa)
O tempo passa
e lembras com saudade
o saudoso tempo da universidade
foste caloiro
e quintanista
já comes caviar
esquece o alpista
P`ra entrar na universidade
é preciso
prender o humor
na gaiola do riso
ter médias altas
hi-hon, ão-ão
zurrar, ladrar
lamber de quatro o chão
Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
Chamar-se a si mesmo
besta anormal
dá sempre atenuante ao tribunal
é formativo
p`ró estudante
que não quer ser popriamente
um ingnorante
Empurrar fósforos com o nariz
tirar à estupidez a bissectriz
eis causas nobres
estruturantes
eis tradição
sem ser o que era dantes
Não vou usar
mais exemplos concretos
é rastejando
que se ascende aos tectos?
Então vejamos
preto no branco
as cores da razão
porque a praxe eu desanco
Chapelada para SG e que o próximo álbum não tarde!
PC
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